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Saldo favorável

Balança comercial teve bom desempenho no ano passado, mas dependência em relação à China pode gerar instabilidade no futuro

Desafiando a gravidade em uma economia global desaquecida, a balança comercial brasileira fechou 2011 com saldo positivo de US$ 29,8 bilhões, uma alta de 45% em relação ao ano anterior.

As exportações avançaram 26,8%, para US$ 256 bilhões, contra aumento de 24,5% nas importações, para US$ 226,2 bilhões.

Já os dados da conta-corrente -a soma do saldo comercial e das despesas líquidas de serviços e rendas, tais como lucros, juros, fretes e viagens- ainda não foram fechados, mas o resultado dos 12 meses encerrados em novembro mostra um deficit moderado, de US$ 49,3 bilhões, cerca de 2% do PIB.

Os números indicam solidez nas contas externas do país, o que é fundamental para preservar a capacidade de crescimento da economia. Como se sabe, o peso da dívida externa foi, ao longo da história, um dos principais fatores de crises econômicas no Brasil.

O aspecto menos positivo, quando se pensa em prazos mais longos, reside na dependência das exportações de matérias-primas. Impulsionada por elevação das cotações em cerca de 25%, a parcela que corresponde à exportação desses produtos atingiu 64% no fim de 2011, uma alta próxima a 20 pontos percentuais desde 2008. A China exerce papel fundamental nesse quadro, tendo se tornado o principal parceiro comercial brasileiro, destino de 17% de nossas exportações. Deste total, quase 90% se referem a minério de ferro e soja.

As exportações fora do setor de commodities, por sua vez, patinam e permanecem abaixo do patamar anterior à crise de 2008. O saldo comercial se divide entre superavit de US$ 70 bilhões nos setores agropecuário e extrativo mineral, contra deficit de US$ 40 bilhões no restante. Considerando apenas a indústria de transformação, o saldo é negativo em US$ 43 bilhões -evidência de que a baixa penetração dos produtos brasileiros é um problema crônico.

Apontar a concentração da pauta de exportações em produtos básicos não é desmerecer a grande vantagem competitiva do país nesse setor, que pode e deve continuar a ser aproveitada. Até porque há uma forte irradiação do bom desempenho para toda a gama de atividades de suporte ao agronegócio, que, em seu conjunto, movimenta de 20% a 25% do PIB.

Por outro lado, o perfil das vendas externas preocupa, diante da possibilidade de uma reversão abrupta dos preços dos produtos básicos na economia mundial. O problema da dependência chinesa é conhecido. Cabe ao governo agir para minimizá-lo.

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