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Os limites do BC

Com o novo corte de 0,75 ponto percentual, a taxa de juros de referência chegou a 9%, nível próximo ao mínimo de 8,75% alcançado no início de 2009. Em termos reais (descontada a inflação), os juros já se encontram no menor patamar da história recente, 3%.

É uma situação mais civilizada no que se refere a juros básicos, ainda que não se estenda ao cliente final, por causa da ainda alta diferença entre ela e o que bancos exigem dos tomadores. Mesmo assim, a meta de reduzir juros reais de referência a 2% ao ano, até 2014, já não soa improvável.

Se há uma surpresa em relação às projeções econômicas comuns no ano passado é o quanto se conseguiu realizar na política monetária sem que a inflação fuja de controle, por ora. Um resultado importante, mas sem garantia de que será duradouro. O quadro global é frágil e há risco, no médio prazo, de aceleração demasiada da economia e da inflação.

Que a economia brasileira vai crescer mais rápido nos próximos trimestres não há muita dúvida. O ano, porém, poderá fechar em 3%, segundo projeção do FMI -menos que a média dos emergentes (5,7%) e dos latino-americanos (3,7%).

Além dos juros mais baixos, outro estímulo importante é a manutenção da renda e do consumo, com o baixo desemprego.

As vendas de supermercados e bens não duráveis permanecem sólidas. Há ainda o incentivo dos financiamentos do BNDES e de outros bancos públicos, reforçados pela determinação do governo de reduzir seu custo.

Não se descarta que o PIB cresça até 3,5% neste ano, o que demandaria uma aceleração substancial no segundo semestre. Nesse caso, a expectativa para 2013 seria de crescimento superior a 4%.

A dúvida é se há elementos estruturais a barrar tal desempenho. Um deles está no crédito ao consumo, especialmente para automóveis, que dá sinais de esgotar-se.

O setor automobilístico, engrenagem importante da indústria, terá dificuldade em reagir. O investimento, a despeito dos esforços do governo, também permanece deprimido por conta da demanda hesitante e entraves tradicionais, da infraestrutura medieval à malha tributária barroca.

O resultado tem sido uma inquietante letargia. O debate atual do Banco Central com economistas do setor privado é se o chamado juro neutro (a taxa que equilibra oferta e demanda com inflação sob controle) é menor que no passado. É provável que seja, e o BC está certo em testar limites. Mas seria recomendável observar a reação da economia antes de novas medidas de estímulo.

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