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José Pavan Júnior

Cinema ou escolas?

Nossa administração não está aqui para defender o interesse de cineastas. Triste para eles, melhor para a população de Paulínia, com saúde e escolas

O episódio da suspensão (não houve cancelamento) do Festival de Cinema de Paulínia de 2012 nos remete a uma importante reflexão mais profunda sobre a política de utilização de recursos públicos.

A reportagem "Filme queimado" (na Folha, no último dia 19) informa que o polo cinematográfico da cidade foi construído na administração passada, que ele custou R$ 490 milhões (R$ 490 milhões!) e que está subutilizado. É verdade.

Em outro trecho, o texto diz que o prédio da Escola Magia do Cinema "deu lugar a uma escola de ensino fundamental". Também é verdade.

Ocorre que, nos últimos dez anos, Paulínia (SP) não recebeu nenhuma nova escola, apesar do grande crescimento da população.

Agora, estamos entregando, no mês que vem, dois novos prédios escolares, para atender 1.800 alunos. Enquanto não ficam prontos, tomamos emprestadas as dependências da escola de cinema citada, onde centenas de meninos e meninas recebem aulas curriculares.

Mas, até o meio deste ano, o prédio será devolvido, dando continuidade a todo o trabalho que o polo cinematográfico vem fazendo: há dois filmes já em pré-produção e atendemos 2.100 alunos com aulas de dança, música, teatro e cinema. Há cursos e workshops de direção de arte, produção e fotografia, que continuam, e a temporada de concertos musicais já foi lançada. E muito mais.

A defasagem que hoje a Prefeitura de Paulínia está suprindo no atendimento direto à população não existe apenas na área de educação.

Hoje, há 1.479 casas populares em fase final de construção, duas novas creches estão em acabamento e mais 550 novas vagas em creches foram viabilizadas em convênios com escolas particulares.

O hospital atende com equipamentos de primeiro mundo. A cidade, antes poluída, ganha prêmios pela preservação do meio ambiente.

E, principalmente, há um grandioso programa de ação social que atende mais de 20 mil pessoas, com programas como o Renda da Família, o Bolsa-Educação, o Bolsa-Amamentação, a passagem de ônibus a R$ 1, a distribuição de cestas de alimentos, entre outros.

O administrador é obrigado a fazer opções. A nossa, em Paulínia, está sendo priorizar as áreas que atendem à população, principalmente aos mais necessitados.

O Festival de Cinema teria um custo direto de R$ 3,5 milhões. Mas o próprio material de captação de recursos, editado pelos organizadores, informa que "o orçamento total é estimado em R$ 8,8 milhões".

Todos sabem como são essas "estimativas". A realidade é que a captação de patrocínios só tinha conseguido contratar R$ 400 mil. A diferença fatalmente também recairia sobre os recursos municipais. Não é justo! Não é correto!

Em dezembro, um estudo qualitativo feito pelo Ibope apontou que a população da cidade está descrente e cansada do modelo administrativo que faz "foco na 'aparência' da cidade e na sua projeção nacional, em detrimento da atuação em áreas vitais para a população".

É isso que estamos mudando. Nossa administração não está aqui para defender os interesses de um grupo de cineastas, por mais que eles precisem de ajuda e contem com a nossa compreensão. Triste para eles, melhor para a população de Paulínia!

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