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Sair do Haiti

É positivo o balanço das ações brasileiras no Haiti.

Os brasileiros ajudaram a estabilizar o país depois da queda do presidente Jean-Bertrand Aristide. Contribuíram decisivamente para reduzir os índices de violência nas favelas conflagradas de Porto Príncipe. Tiveram atuação louvável em meio à devastação provocada pelo terremoto de 2010, que tirou a vida de 230 mil pessoas.

A atuação em solo haitiano serviu também para que nossos militares ganhassem experiência na pacificação de conflitos em áreas urbanas -conhecimento útil para outras missões, inclusive no Brasil.

O comando da missão militar da ONU naquele país teve início em 2004, numa conjuntura propícia. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurava projetar o Brasil como líder regional e pleiteava presença mais efetiva nos fóruns internacionais.

Chefiar tropas na miserável e conturbada nação do Caribe oferecia ao governo brasileiro a oportunidade de demonstrar que poderia responder às demandas relativas ao aumento de suas ambições no cenário mundial -capitaneadas pela obsessiva pretensão do ex-presidente a um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Se o governo brasileiro empenhou-se em cumprir sua parte, o mesmo não pode ser dito dos países ricos -especialmente Estados Unidos e França, mais diretamente envolvidos. Ambos falharam em liderar um esforço para a reconstrução econômica e social do país.

Há hoje mais de 1.900 militares brasileiros no Haiti, de um total de 16 mil que passaram pela missão. Embora não seja esse o fator decisivo, deve-se ter em mente também os custos da operação.

Conforme mostrou reportagem desta Folha, a ação completou no início deste mês oito anos, com despesas de cerca de R$ 2 bilhões -dos quais a ONU reembolsou R$ 514 milhões. A quantia equivale, por exemplo, a cerca de seis vezes o que foi gasto, desde 2006, com a Força Nacional de Segurança Pública, criada para apoiar as polícias estaduais em emergências.

Nesse contexto, é necessário avançar no projeto, ainda tímido e parcial, de retirada das tropas. Faz mais sentido, na fase atual, que o Brasil reforce investimentos e ações de apoio civil em detrimento das tarefas de manutenção da ordem -que precisam ser gradualmente transferidas para um contingente nacional haitiano.

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