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Magia e eleição
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Lembra-se de quando
Paulo Maluf liderava todas as pesquisas para a eleição paulista e parecia
destinado a um galope triunfal?
Os antimalufistas supostamente politizados bramiam de indignação com
Duda Mendonça, o marqueteiro mor,
a quem acusavam de ter transformado candidatos em sabonetes e as disputas eleitorais em um torneio de pura mercadologia.
Duda, com Nizan Guanaes, responsável pela campanha de Fernando
Henrique Cardoso, ganhou até capa
de revista, como mago.
Aí Maluf perdeu, como perderam
vários dos outros candidatos que tinham Duda como marqueteiro, entre
eles o governador gaúcho Antônio
Britto. Ninguém mais tocou no assunto, para elogiar ou criticar Duda e cia.
De minha parte, continuo achando
Duda Mendonça um brilhante publicitário. Como todo publicitário, o que
ele faz é puxar o lado positivo do, digamos, "produto" que quer vender e
omitir eventuais aspectos negativos.
Ou é diferente na venda de sabonete,
dentifrício etc.?
A única diferença é que alguns comerciais carecem de talento, ao contrário do que ocorre com as peças de
Duda, que, além disso, apóia-se também em um sólido e bem-elaborado
trabalho de pesquisas, quantitativas e
qualitativas.
O que o Duda não faz é mágica. Na
política, como na propaganda, são raros os casos em que o consumidor
compra um desodorante quando, na
verdade, quer comprar um carro.
Em 1989, por exemplo, o consumidor
brasileiro queria comprar uma novidade que parecesse um "caçador de
marajás". Comprou Fernando Collor
de Mello, que se apresentava como tal.
Era propaganda enganosa, como logo
se descobriu.
Endeusar ou execrar o marqueteiro
é, pois, um exercício inútil. Bem feitas
as contas, quem ganha ou perde eleição é o candidato, como Maluf acaba
de verificar penosamente.
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