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Depois do porre, a ressaca
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Vamos lá, turma. O Ano
Novo começando, o governo recomeçando, e tudo como dantes.
Do Congresso, ACM dá os rumos. No
Planalto, Clóvis Carvalho manda e
desmanda em administração, reforma
agrária, projetos sociais, bancos estatais, baleias e mosquitos.
Pedro Malan falando em inglês para
o FMI e mudo em português para a
nação em apuros.
O economista José Serra driblando o
orçamento da Saúde, e o também economista Paulo Renato Souza cruzando o desempenho de alunos e professores.
Direto de Alagoas, Renan Calheiros,
quem diria, cuida da Justiça e da segurança. O peemedebista Eliseu Padilha asfalta a encruzilhada entre o que
é da União e o que é do seu partido.
Raul Jungmann, da Reforma Agrária, continua conferindo charme a um
ministério sem verbas, sem utilidade e
sem propósito, enquanto Francisco
Turra borrifa a Agricultura.
Bem, mas também há novidades.
Saem os militares do primeiro mandato, entra o ex-governador Elcio Alvares para cuidar da segurança nacional e desempatar as disputas por verbas, navios, aviões e botinas.
Celso Lafer, entre uma e outra baforada de cachimbo, traçará cenários,
analisará incertezas, identificará riscos para a combalida indústria nacional. Confraternizará com diplomatas
e produzirá "papers" para Malan.
Com Malan mudo e Lafer pensando,
Francisco Dornelles vem bem a calhar.
Representando um partido de elite, o
PPB, dialogará de igual para igual
com os trabalhadores. Em silêncio.
Taí. Bem que o "novo" ministério de
FHC ficou animado. Diria mais: curioso. E mais: instigante.
Até porque, com tantos ministros e
agora tantos secretários, já é uma
proeza tentar decorar nomes, cargos,
siglas. O Edward Amadeo ficou onde
mesmo? E o Luiz Carlos Bresser Pereira foi para o quê?
São questões de fundo para a gente
entender e processar. Sim, porque enquanto o câmbio estiver sobrevalorizado e os juros baterem todos os recordes mundiais, bem pouco nos restará
a fazer.
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