São Paulo, quinta-feira, 01 de fevereiro de 2007

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Escalada de mortes

EM QUE PESEM os notáveis resultados na redução da criminalidade em 2006, este não foi um bom ano para a polícia paulista. Dados da Secretaria da Segurança Pública confirmam o que já se intuía: a polícia matou 78% mais que em 2005.
Registre-se que a polícia foi alvo de três ondas de ações brutais da quadrilha presidiária auto-intitulada Primeiro Comando da Capital. Agentes da lei foram covardemente assassinados apenas por representarem o Estado.
Os novos números interrompem uma tendência de vários anos de queda na rubrica "civis mortos em confronto com a polícia". Em 2005, as estatísticas registraram 300 destes casos. Em 2006, eles saltaram para 533.
O total de policiais mortos em serviço subiu de 28 em 2005 para 38 no ano passado (35,7%). Essa estatística deixa de computar muitas dos servidores públicos vítimas dos bandidos, que foram assassinados em horário de folga ou não eram policiais.
Tamanha ofensa exigia resposta enérgica do poder público. Era imprescindível, contudo, que ela ocorresse nos estritos limites da legalidade. Infelizmente, não foi o que ocorreu. Avolumam-se indícios de que membros da corporação cometeram execuções extrajudiciais e até de que pessoas sem vínculos com o crime tenham sido mortas.
Pior, a distribuição temporal dos óbitos é indicativa de uma preocupante mudança de cultura, pois a tendência de alta continuou mesmo nos meses em que não houve ataques criminosos.
O aumento no número de civis mortos é a maior nódoa num balanço da segurança pública paulista repleto de bons resultados. O total de homicídios dolosos registrados no Estado em 2006 caiu 15,3% em relação ao ano anterior. Os latrocínios baixaram 10,7%. A única modalidade que teve uma alta significativa foi a de roubo a banco, com 52,6%.
Espera-se que o novo governo estadual saiba corrigir o problema das mortes pela polícia e manter a série história de bons resultados no combate ao crime.


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