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Escalada de mortes
EM QUE PESEM os notáveis resultados na redução da criminalidade em 2006, este
não foi um bom ano para a polícia paulista. Dados da Secretaria
da Segurança Pública confirmam o que já se intuía: a polícia
matou 78% mais que em 2005.
Registre-se que a polícia foi alvo de três ondas de ações brutais
da quadrilha presidiária auto-intitulada Primeiro Comando da
Capital. Agentes da lei foram covardemente assassinados apenas por representarem o Estado.
Os novos números interrompem uma tendência de vários
anos de queda na rubrica "civis
mortos em confronto com a polícia". Em 2005, as estatísticas registraram 300 destes casos. Em
2006, eles saltaram para 533.
O total de policiais mortos em
serviço subiu de 28 em 2005 para
38 no ano passado (35,7%). Essa
estatística deixa de computar
muitas dos servidores públicos
vítimas dos bandidos, que foram
assassinados em horário de folga
ou não eram policiais.
Tamanha ofensa exigia resposta enérgica do poder público. Era
imprescindível, contudo, que ela
ocorresse nos estritos limites da
legalidade. Infelizmente, não foi
o que ocorreu. Avolumam-se indícios de que membros da corporação cometeram execuções extrajudiciais e até de que pessoas
sem vínculos com o crime tenham sido mortas.
Pior, a distribuição temporal
dos óbitos é indicativa de uma
preocupante mudança de cultura, pois a tendência de alta continuou mesmo nos meses em que
não houve ataques criminosos.
O aumento no número de civis
mortos é a maior nódoa num balanço da segurança pública paulista repleto de bons resultados.
O total de homicídios dolosos registrados no Estado em 2006
caiu 15,3% em relação ao ano anterior. Os latrocínios baixaram
10,7%. A única modalidade que
teve uma alta significativa foi a
de roubo a banco, com 52,6%.
Espera-se que o novo governo
estadual saiba corrigir o problema das mortes pela polícia e
manter a série história de bons
resultados no combate ao crime.
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