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ELIANE CANTANHÊDE
A vez dos blocos
BRASÍLIA - A acirrada e bastante
discutida disputa pela presidência
da Câmara finalmente acaba hoje,
com um plenário dividido não por
deputados, não por siglas, mas, sim,
por grandes blocos partidários,
aglutinados em torno dos três candidatos (Aldo, Chinaglia, Fruet) e
do banquete da distribuição de cargos internos -e até externos.
A vantagem de Aldo é já estar na
presidência, e a de Fruet é ter sido a
novidade do processo, mas foi Chinaglia quem conseguiu reunir oito
partidos, puxados por PT e PMDB,
num total de 273 deputados. Se a
decisão é aritmética, ganha quem
tem o bloco maior.
E lá se vai o PT para a urna eletrônica, carregando PMDB, PR (ex-PL), PP, PTB, PSC, PTC e PT do B,
numa soma que pode ser tudo, menos ideológica, pois capaz de unir o
partido do Lula ao partido do Maluf. E não é a primeira vez.
Com Aldo, do pequeno PC do B,
ficaram PSB, PDT, PAN e PMN. Ou
seja: a maior parte da base governista está com Chinaglia, mas em
torno de 70 deputados da mesma
base estão contra ele. A eleição divide os aliados do Planalto, e isso costuma deixar seqüelas, especialmente se houver segundo turno e, portanto, maior radicalização.
A boa notícia é que nos livramos
todos desse tedioso debate sobre a
presidência da Câmara. A má é que
a chatice continua, agora com a recomposição da base aliada. Leia-se:
com a reforma ministerial.
A nova legislatura começa com a
situação dividida, com os oposicionistas tentando marcar posição e
com um lastro de grandes parlamentares, como Delfim Netto e Roberto Freire, que perderam as eleições ou perderam o encanto e nem
sequer concorreram.
Aliás, dois bons exemplos do que
fica para trás e do que vem pela
frente. Delfim, "de direita", hoje está com Lula. Freire, "de esquerda",
aliou-se ao PFL via PSDB.
Morrem as ideologias e os partidos, nascem os blocos.
elianec@uol.com.br
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