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Cédulas marcadas
OS RUSSOS vão às urnas
amanhã para escolher seu
novo presidente. O pleito
é menos do que uma formalidade, porque o atual presidente,
Vladimir Putin, não apenas já
designou seu sucessor como
também tomou providências para, mesmo deixando o Kremlin,
seguir no comando do país.
Dmitri Medvedev deverá sagrar-se presidente com uma votação acachapante. Colherá os
frutos da popularidade de Putin,
diretamente associada à alta tremenda nos preços do petróleo e
do gás natural nos últimos anos.
O sucessor do caótico Boris Ieltsin também logrou restaurar a
autoridade do governo russo,
não sem abusar da repressão.
Em oito anos de mandato, Putin
arrancou pela raiz tudo o que se
parecesse ainda que remotamente com uma oposição viável.
Mesmo agora, quando a candidatura Medvedev já não corria
nenhum risco, a Comissão Eleitoral Central impediu o liberal
Mikhail Kasyanov, que foi premiê de Putin, mas rompeu com o
presidente, de concorrer como
independente. A idéia era evitar
que ele ganhasse espaço para disputar pleitos futuros.
Os "concorrentes" de Medvedev são basicamente o ultranacionalista Vladimir Jirinovski e o
comunista Guennadi Ziuganov.
Ambos se saem relativamente
bem, arrebanhando cerca de 10%
dos votos cada um, mas contam
com altíssimos índices de rejeição. Não constituem, assim, nenhuma ameaça futura.
Quanto a Putin, que estava
constitucionalmente impedido
de postular um terceiro mandato
presidencial, ele já armou tudo
para tornar-se premiê. Elegeu-se
deputado em dezembro passado
e deverá ser "convidado" por
Medvedev para assumir o comando do governo.
Ao que tudo indica, o autocrata
de Moscou encontrou uma forma original de perpetuar-se no
poder. O problema é que sua permanência afasta cada vez mais o
país da democracia.
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