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São Paulo, domingo, 01 de junho de 2003

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VALDO CRUZ

Em nome de Palocci

BRASÍLIA - Crescimento zero, desemprego recorde, deflação. Uma safra de notícias ruins colhida pelo governo Lula no final da semana passada, quando já começava a respirar aliviado com o arrefecimento dos ataques aos juros altos.
Resultado: não deu nem para recuperar o fôlego. Uma nova saraivada de críticas, de dentro e de fora do PT, de empresários e trabalhadores, foi disparada contra a política econômica do ministro Antonio Palocci Filho.
A imagem do ministro, porém, não saiu tão arranhada assim. Os ataques diretos a Palocci continuam vindo dos radicais. As demais críticas visam mais a política econômica, mas preservam seu condutor.
Em um grupo da sociedade, pelo menos, trata-se de caso pensado. Grandes empresários e caciques da oposição orientam reservadamente seus aliados a poupar a figura do ministro da Fazenda.
Pedido nesse sentido já foi passado por empresários a líderes do PFL no Congresso. Era mais forte no início do governo. Hoje continua sendo feito, apesar de agora vir acompanhado da ressalva de que já não estão tão felizes assim com Palocci.
Ou seja, o clima não é mais aquele de lua-de-mel com o chefe da equipe econômica de Lula. Mas prevalece a tese do "ruim com ele, muito pior sem ele". Então, nada de críticas que possam desestabilizá-lo.
No ninho tucano, um defensor da tese pró-Palocci é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sua recomendação é nem elogiá-lo demais nem exagerar nos ataques a ponto de minar sua credibilidade.
A avaliação no PSDB, por sinal, é que Palocci está virando a âncora do governo Lula. Está começando a ficar com cara de insubstituível. Sua demissão representaria um estouro na cotação do dólar.
Não sei a opinião do ministro sobre esses "apoios". Têm sua importância, não há dúvidas. Mas hoje são mais fruto do medo do que pode vir pela frente. Convenhamos, não é lá grande coisa para comemorar.


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