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VOTO ELETRÔNICO
É verdade que os EUA não se
encontram numa posição privilegiada para pontificar sobre apuração e contagem de votos. Depois do
fiasco eleitoral de 2000, não ficou nenhuma dúvida de que o sistema americano era deficiente e obsoleto. Para
reverter essa situação, a grande
maioria dos 50 Estados norte-americanos está promovendo reformas
eleitorais. Compreensivelmente,
ninguém deseja repetir os insucessos verificados na Flórida.
Até aqui, 18 Estados adotaram o
sistema digital sem o voto impresso,
semelhante às urnas eletrônicas brasileiras. Essa opção vem sendo duramente criticada por especialistas em
informática, parlamentares e grupos
de ativistas. Tecnicalidades à parte, o
receio é que o voto puramente digital
abra uma larga avenida para fraudes.
A história, de fato, ensina que nunca
se deve subestimar o engenho humano quando se trata de desenvolver
novas formas de trapaça e logro.
A discussão sobre a segurança das
urnas eletrônicas não é nova para os
brasileiros. Mas a forte resistência
dos americanos ao sistema -a Califórnia ameaça até banir o uso do
equipamento que já possui se não
houver modificações- deveria servir-nos como uma oportunidade de
reflexão e reconsideração. Esta Folha
julga que foi precipitada a decisão do
Congresso de desistir, em outubro
de 2003, de acoplar às urnas eletrônicas brasileiras um sistema de impressão de voto.
A existência do voto impresso, que
é conferido pelo eleitor, emprestaria
ao sistema uma materialidade de que
ele hoje não dispõe. Essa providência
fecharia as portas para muitas das
possíveis formas de fraude. Daria
também ao eleitor uma dose extra de
confiança, além da possibilidade física de proceder a uma recontagem,
caso isso se mostrasse necessário.
Infelizmente, o Legislativo, diante
da estimativa de custo para adaptar o
sistema (cerca de R$ 350 milhões,
em outubro de 2003) e do previsível
alongamento do tempo de votação,
preferiu rejeitar a proposta.
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