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Ataque preventivo
NO QUE PARECE ser um ataque preventivo às fortes
críticas que os EUA sofreriam na Cúpula do G-8 -a realizar-se na semana que vem na
Alemanha- por conta de sua posição sobre a mudança climática,
o presidente George W. Bush
lançou ontem uma nova proposta para tentar conter o aquecimento anormal do planeta.
O mandatário norte-americano não foi específico, mas falou
em convocar os 15 países que
mais emitem gases-estufa para
uma reunião, que poderia durar
18 meses, em que acertariam
uma meta global de redução.
Bush quer que a China e a Índia
(e provavelmente o Brasil) participem. Na primeira fase do Protocolo de Kyoto (a iniciativa da
ONU contra o efeito estufa), países em desenvolvimento foram
dispensados de cortar emissões.
A aceitação de metas por parte
de Bush marca uma guinada em
sua posição. O presidente passou
a maior parte de sua administração afirmando que não havia
provas de que a queima de combustíveis fósseis era responsável
pelo aquecimento planetário, e
uma das primeiras ações que
adotou na Presidência foi retirar
os EUA do Protocolo de Kyoto.
Não há razões, porém, para
acreditar que o líder norte-americano tenha de fato se curvado à
questão ambiental. Seu gesto parece, antes, ser pragmático. Ao
anunciar sua iniciativa às vésperas de embarcar para a Alemanha, Bush não só alivia a pressão
que sofreria de seus pares europeus como praticamente garante
que a cúpula não vá tomar decisões sobre o problema climático.
Mais ainda, a proposta dos
EUA também atropela as negociações em curso a respeito da
segunda fase de Kyoto, o que tende a dificultar o avanço dessa discussão no âmbito planetário. E,
na implausível hipótese de que a
iniciativa da Casa Branca prospere, o que não ocorreria antes
do fim de 2008, não seria Bush,
mas seu sucessor que teria de arcar com o ônus econômico.
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