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O NÓ EXTERNO
A desvalorização do peso e
a moratória da dívida pública
argentina no início de 2002 lançaram
os países latino-americanos à terceira crise de contas externas em menos
de uma década. A primeira crise foi
desencadeada pela desvalorização
do peso mexicano. A segunda começou com as turbulências na Ásia,
agravou-se com a moratória da Rússia e culminou com a desvalorização
do real em janeiro de 1999.
A suspensão do financiamento externo voluntário foi determinante para detonar essas crises. Nas duas primeiras, a economia dos EUA atravessava um longo ciclo de crescimento,
o que facilitou a transição, seja pela
expansão do comércio, seja pela articulação de programas de refinanciamento para os países endividados
(em torno de US$ 250 bilhões).
Agora os países latino-americanos
enfrentam uma brutal restrição financeira externa associada a uma desaceleração da economia mundial.
Depois de crescer 5% no primeiro
trimestre de 2002, a taxa de crescimento da economia americana caiu
para 1,1%. O Departamento de Comércio revisou ainda os dados de
2001, explicitando três trimestres negativos. Isso faz com que a crise atual
assuma um caráter global e sistêmico, com impactos na produção, no
comércio internacional e no sistema
financeiro mundial. Essa dinâmica
global da crise restringe os raios de
manobra das políticas nacionais, sobretudo dos países periféricos.
Um dos sinais da crise é a acentuada desvalorização do real. A cotação
do dólar atingiu ontem R$ 3,61. Após
intervenção do Banco Central, recuou e fechou em R$ 3,47. No ano, a
depreciação da moeda brasileira já
atinge 50%. Nesse cenário, é crucial
que as autoridades brasileiras consigam obter novas fontes de recursos
em moeda forte. Não basta queimar
as reservas. Há que estabelecer rapidamente um acordo com o Fundo
Monetário Internacional e com os
grandes bancos internacionais. As linhas de crédito interbancárias em
dólar, que foram cortadas, precisam
ser restauradas. Elas são vitais para
as empresas gerarem riqueza e, portanto, os dólares necessários para
honrar os compromissos externos.
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