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BOMBA NA UNIVERSIDADE
O insano ataque terrorista a
uma cafeteria na Universidade
Hebraica de Jerusalém, que deixou
pelo menos sete mortos e dezenas de
feridos, mostra que são hoje quase
nulas as perspectivas de uma distensão entre israelenses e palestinos. A
Universidade Hebraica de Jerusalém
é tida como um símbolo da tolerância e da busca pela paz.
O atentado de ontem, reivindicado
pelo grupo extremista palestino Hamas, foge ao padrão das ações da milícia. Este não foi um ataque suicida.
A bomba parece ter sido deixada por
alguém que esteve no restaurante,
mas saiu antes da explosão.
Também o perfil do alvo é diferente. A Universidade Hebraica de Jerusalém, apesar de ser uma instituição
judaica, é frequentada por muitos
árabes. Agora, que os estudantes de
Israel estão em férias, cresce a concentração de estrangeiros que fazem
cursos de verão no campus. Dos sete
mortos, cinco eram aparentemente
cidadãos de outros países.
É difícil saber o que o Hamas espera com esse "modus operandi". Não
será matando civis e ferindo árabes
que a milícia vai conquistar simpatias para a causa palestina. Ao que
parece, o grupo responde ao ataque
israelense da semana passada em
Gaza, que tinha por objetivo eliminar
o dirigente do Hamas Salah Shehadeh, mas provocou, além da morte
desse líder, a de 14 civis, nove deles
crianças. Ao menos 150 pessoas ficaram feridas depois que um caça israelense lançou um míssil contra o
apartamento de Shehadeh em área
densamente povoada de Gaza.
Israelenses e palestinos parecem
ter, na prática, retrocedido a um estágio pré-político. Fazem com que a
lógica da rixa prevaleça sobre o Direito. É um caminho que só leva à perpetuação do conflito. Cada lado se
sente no direito de responder ao ataque anterior do adversário, o que resulta na absurda multiplicação de
ações homicidas. Enquanto não surgirem lideranças capazes de trocar
essa lógica pela da paz, os dois lados
terão de realizar muitos funerais.
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