São Paulo, quinta-feira, 01 de agosto de 2002

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BOMBA NA UNIVERSIDADE

O insano ataque terrorista a uma cafeteria na Universidade Hebraica de Jerusalém, que deixou pelo menos sete mortos e dezenas de feridos, mostra que são hoje quase nulas as perspectivas de uma distensão entre israelenses e palestinos. A Universidade Hebraica de Jerusalém é tida como um símbolo da tolerância e da busca pela paz.
O atentado de ontem, reivindicado pelo grupo extremista palestino Hamas, foge ao padrão das ações da milícia. Este não foi um ataque suicida. A bomba parece ter sido deixada por alguém que esteve no restaurante, mas saiu antes da explosão.
Também o perfil do alvo é diferente. A Universidade Hebraica de Jerusalém, apesar de ser uma instituição judaica, é frequentada por muitos árabes. Agora, que os estudantes de Israel estão em férias, cresce a concentração de estrangeiros que fazem cursos de verão no campus. Dos sete mortos, cinco eram aparentemente cidadãos de outros países.
É difícil saber o que o Hamas espera com esse "modus operandi". Não será matando civis e ferindo árabes que a milícia vai conquistar simpatias para a causa palestina. Ao que parece, o grupo responde ao ataque israelense da semana passada em Gaza, que tinha por objetivo eliminar o dirigente do Hamas Salah Shehadeh, mas provocou, além da morte desse líder, a de 14 civis, nove deles crianças. Ao menos 150 pessoas ficaram feridas depois que um caça israelense lançou um míssil contra o apartamento de Shehadeh em área densamente povoada de Gaza.
Israelenses e palestinos parecem ter, na prática, retrocedido a um estágio pré-político. Fazem com que a lógica da rixa prevaleça sobre o Direito. É um caminho que só leva à perpetuação do conflito. Cada lado se sente no direito de responder ao ataque anterior do adversário, o que resulta na absurda multiplicação de ações homicidas. Enquanto não surgirem lideranças capazes de trocar essa lógica pela da paz, os dois lados terão de realizar muitos funerais.


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