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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O terrorismo ganhou

MONTRÉAL- Dizem os jornais que está terminando, no exterior, a lua-de-mel com o governo Luiz Inácio Lula da Silva. Só se surpreende quem é muito distraído.
Todo o prestígio do governo ou, mais exatamente, de sua equipe econômica amparou-se na submissão ao terrorismo. Houve um coro ensurdecedor gritando: "Se mexer (na política econômica), o Brasil acaba".
O ministro Antonio Palocci Filho obedeceu. Só mexeu na política econômica para torná-la ainda mais simpática aos terroristas, ao aumentar o superávit fiscal e ao subir os juros, que só agora começam timidamente a cair.
Como o Brasil não acabou, ficou parecendo que a política econômica estava dando certo, ainda mais em um país que acabou se acostumando às análises de curto prazo e ao "fast food" cultural e ideológico.
Pena que não se possa mais submeter a política econômica ao teste da alternativa. Tivesse havido mudanças pró-crescimento, em vez de uma política puramente pró-mercado financeiro, o Brasil teria mesmo acabado? Duvido, mas não há como prová-lo. Tampouco se pode provar o contrário pelo simples e definitivo fato de que não houve política alternativa e, portanto, não houve o único teste válido, o da realidade.
Em todo o caso, está chegando o momento de um segundo teste: o governo Lula tem, de fato, um plano B ou como se queira chamar uma nova etapa na economia, capaz de conciliar crescimento e estabilidade?
É verdade que se trata de estabilidade de UTI, em que o paciente não pode se mexer sob pena de desmaiar de anemia. Mas parece satisfazer a equipe econômica e o próprio presidente, que vivem se gabando da queda do risco-país, da queda do dólar, da queda da inflação.
Pode ser que haja uma política alternativa, mas a impressão que a equipe econômica dá é que se tornou vítima da síndrome de Estocolmo: apaixonou-se pelos captores, os terroristas do mercado financeiro.


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