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MARCELO BERABA
Um lugar para morar
RIO DE JANEIRO - As invasões de prédios em São Paulo e em outras cidades não podem ser atribuídas apenas ao agravamento da crise provocada pelo desemprego. O problema,
infelizmente, é bem mais antigo.
A forma como a pressão por moradias em áreas centrais ocorre neste
momento em São Paulo é diferente
da forma como acontece no Rio, mas
as causas são as mesmas: a necessidade de morar direito, barato e próximo de empregos e fontes de serviços.
No Rio, essa necessidade, nunca
atendida, gerou a ocupação desordenada dos morros. As duas políticas
tentadas até a década de 90, as remoções e a construção de conjuntos habitacionais na periferia, agravaram
os problemas sociais da cidade em
vez de resolvê-los.
A política de urbanização das favelas e bairros pobres, adotada com
mais frequência na última década,
tem-se mostrado lenta e, até agora,
de pouco alcance. Prova disso é a expansão persistente das favelas e dos
loteamentos clandestinos em toda a
região metropolitana.
No caso do Rio, e é possível que em
São Paulo também seja assim, há coisas que não dá para entender. Desde
sempre se diz que uma solução parcial para o problema de moradia é a
reocupação do centro e do seu entorno, incluindo a região do cais, onde
existe espaço para o crescimento e alguma infra-estrutura. Por que isso
nunca andou?
Ao mesmo tempo, o governo estadual insiste numa política habitacional que já provou a sua falência. A
construção, na gestão Garotinho, do
megaconjunto Nova Sepetiba, distante de qualquer centro de produção, sem transportes e sem oportunidades, repetiu o erro que gerou guetos como a Cidade de Deus e outros
conjuntos abandonados à própria
sorte.
A ocupação de prédios em São Paulo e das encostas no Rio vai continuar. As pessoas precisam de casa, de
trabalho e de transportes. Talvez um
dia isso seja resolvido.
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