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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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MARCELO BERABA

Um lugar para morar

RIO DE JANEIRO - As invasões de prédios em São Paulo e em outras cidades não podem ser atribuídas apenas ao agravamento da crise provocada pelo desemprego. O problema, infelizmente, é bem mais antigo.
A forma como a pressão por moradias em áreas centrais ocorre neste momento em São Paulo é diferente da forma como acontece no Rio, mas as causas são as mesmas: a necessidade de morar direito, barato e próximo de empregos e fontes de serviços.
No Rio, essa necessidade, nunca atendida, gerou a ocupação desordenada dos morros. As duas políticas tentadas até a década de 90, as remoções e a construção de conjuntos habitacionais na periferia, agravaram os problemas sociais da cidade em vez de resolvê-los.
A política de urbanização das favelas e bairros pobres, adotada com mais frequência na última década, tem-se mostrado lenta e, até agora, de pouco alcance. Prova disso é a expansão persistente das favelas e dos loteamentos clandestinos em toda a região metropolitana.
No caso do Rio, e é possível que em São Paulo também seja assim, há coisas que não dá para entender. Desde sempre se diz que uma solução parcial para o problema de moradia é a reocupação do centro e do seu entorno, incluindo a região do cais, onde existe espaço para o crescimento e alguma infra-estrutura. Por que isso nunca andou?
Ao mesmo tempo, o governo estadual insiste numa política habitacional que já provou a sua falência. A construção, na gestão Garotinho, do megaconjunto Nova Sepetiba, distante de qualquer centro de produção, sem transportes e sem oportunidades, repetiu o erro que gerou guetos como a Cidade de Deus e outros conjuntos abandonados à própria sorte.
A ocupação de prédios em São Paulo e das encostas no Rio vai continuar. As pessoas precisam de casa, de trabalho e de transportes. Talvez um dia isso seja resolvido.


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