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CARLOS HEITOR CONY
Jair Rosa Pinto
RIO DE JANEIRO - Semana passada, morreu Jair Rosa Pinto, aqui no Rio,
cidade que ele encantou com o maravilhoso futebol que jogou durante
quase duas décadas (1940-1950).
Com perdão de Pelé e Garrincha,
considero Jair, ao lado de Didi, os
dois maiores craques que meus olhos
viram jogar.
Bem verdade que o futebol, embora
conservando as mesmas regras, mudou de tal forma as táticas que praticamente transformou-se em novo tipo de jogo. Deixou de ser arte para
ser esporte. O time tricampeão da Copa de 70 perderia hoje para o Anapolina. Os atletas, em geral, ganharam
resistência maior, melhor preparo físico. Johnny Weissmuller, campeão
olímpico de natação em 1928, perderia hoje para um infanto-juvenil do
Fluminense. As marcas olímpicas são
anualmente superadas.
Voltando ao futebol e sobretudo a
Jair. Ele jogava parado, como Beckenbauer, a bola vinha até ele. Driblava pouco, tinha uma fabulosa visão de jogo, seus passes de 40 metros,
tais como os de Didi, colocavam o
companheiro frente a frente com o
goleiro. Era dono do chute mais potente dos gramados, um chute que
até hoje não teve igual.
Integrou o trio atacante mais famoso do nosso futebol (no tempo em que
a armação em campo era 2-3-5): Zizinho, Ademir e Jair, trio que brilhou
(apesar da derrota final) na melhor
seleção que tivemos, a de 1950.
Num jogo em que o Flamengo perdeu para o Vasco, Zé Lins do Rego foi
ao vestiário consolar os jogadores do
seu time. Quando abraçou Jair, deu
um grito: "Você não molhou a camisa, ela está seca!". O romancista deu
um jeito e levou a camisa 10 para a
Galeria Cruzeiro, que era então o
centro do centro do Rio. Fez um comício, um discurso indignado e queimou a camisa de Jair para provar
que não estava molhada
Pouco depois, mesmo sem molhar a
camisa 10, durante a Copa de 50, Jair
foi considerado pela imprensa internacional o melhor jogador do mundo.
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