São Paulo, domingo, 01 de setembro de 2002

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CLÓVIS ROSSI

A onda e o sangue

SÃO PAULO - Há quem compare a eleição deste ano com a de 1989 no que se refere às chamadas "ondas". Treze anos atrás, também houve candidaturas que deram a impressão de que haviam caído no gosto do público e tenderiam a subir até o topo (Guilherme Afif Domingos, Mário Covas, entre outros).
No fim das contas, a única "onda" realmente consistente (e apenas em termos de intenções de voto) foi a de Fernando Collor. O resto foi uma disputa voto a voto entre Luiz Inácio Lula da Silva e Leonel Brizola para ver quem iria ao turno final.
Agora, houve a onda Roseana Sarney, que morreu até antes da praia, houve a onda José Serra, no lançamento da candidatura, houve a onda Garotinho e, a mais vigorosa até anteontem, a onda Ciro Gomes.
A pesquisa Datafolha que este jornal publica hoje mostra uma nova-velha onda, que, outra vez, leva o nome de José Serra, que chega ao empate técnico (numérico também, a rigor) com Ciro Gomes.
O leitor/eleitor vai perguntar: é a última onda, a que empurrará Serra ao segundo turno contra Lula? Não me faça essa pergunta, por favor, porque eu já havia dado Serra por morto e sepultado, na companhia, aliás, de "serristas" graúdos.
A prudência me impediu de escrever tal bobagem, mas cometi-a verbalmente, confesso, nas conversas com companheiros e com um ou outro leitor com o qual cruzei por aí.
A lógica me amparava na bobagem: a economia não oferecia sinal nenhum de evolução que favorecesse o candidato do governo (no máximo, ficaria na catatonia presente); o próprio candidato não parecia capaz de emocionar o público. Como poderia então crescer?
A resposta veio na TV: "desconstruindo" o adversário.
Agora, é a vez de Ciro tentar demolir Serra. Tudo indica que será um final cruento.



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