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ELIANE CANTANHÊDE
Chuchu com sal e pimenta
BRASÍLIA - Esta eleição, com
"chuchu", reeleição, franco favorito
e chance concreta de fechar em primeiro turno, está, convenhamos,
insossa de matar. Além de não servir um prato muito saudável para a
democracia: o confronto real.
Ao botar uma pitada de sal e jogar
alguns ingredientes mais apimentados no fogo brando, Alckmin faz
pelo menos o favor de tornar a campanha mais saborosa. Ou mais proveitosa sob vários aspectos.
Os ingredientes que faltavam
eram justamente os escândalos,
que ocuparam boa parte do atual
governo e da atual legislatura, mas
haviam evaporado do cenário político como por encanto.
Mas não é só isso. O programa da
oposição também vai abordar as
verdades, meias verdades e puras
mentiras sobre a economia. Neste
caso, a realidade parecia bem favorável a Lula, mas começa a dar uma
mãozinha a Alckmin. Ou ao debate.
Além de jogar no ar Dirceu, Palocci, Gushiken, Genoino, Delúbio,
Waldomiro, Silvinho Pereira e todo
o rastro de perdas do PT e do governo Lula, tucanos e pefelistas, ajudados pelo PPS, vão também questionar o paraíso da economia vendido
por Lula e pelos lulistas.
O crescimento anunciado ontem
do segundo trimestre é um prato
feito para a oposição. São vexaminosos 0,5%, misturados aos 2,3% de
2005 e à revisão de expectativa para
em torno de 3,5% neste ano.
O PT desdenha, alegando que são
"dados abstratos" e que a população
quer saber mesmo é do preço do cimento e do arroz. Mas crescimento
puxa a discussão sobre emprego e
deságua num dado concreto: as demissões da Volks, bem no berço do
PT e do líder sindical Lula.
A crise na Volks está para Lula assim como o PCC está para Alckmin,
ambos intercalando a crise ética e a
economia em geral. Alckmin pode
até não subir, mas a campanha fica
bem mais suculenta.
Bom apetite!
elianec@uol.com.br
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