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FERNANDO RODRIGUES
Cronologia possível da crise
BRASÍLIA - O único consenso no
mercado ontem era sobre a falta
completa de consenso a respeito de
qual pode ser o desfecho da crise financeira originada nos EUA. No
meio de incertezas, chutes e torcidas, foi possível identificar algumas
observações recorrentes.
1) pacote: algum tipo de resgate
estatal será aprovado pelo Congresso nos próximos dias. A extensão e a
eficácia desse plano de socorro são
incógnitas;
2) ações: até a véspera do anúncio
do pacote, os índices das Bolsas de
Valores ficarão andando de lado ou
até subindo, como ontem. É um vício mundial dos mercados de valores. Os preços das ações sobem no
boato e caem no fato;
3) falta de liderança: George W.
Bush é um acidente histórico. Tornou-se o presidente mais frágil em
final de mandato de toda a história
recente dos EUA. Abriu-se um vácuo não preenchido pelos dois candidatos presidenciais. Barack Obama e John McCain foram inábeis e
incapazes de liderar o Congresso no
meio da tormenta;
4) sucessão presidencial: a disputa continua aberta, apesar do mau
momento de McCain;
5) reforma ampla: só com a posse
do próximo presidente dos EUA,
em 20 de janeiro, será possível acomodar as forças políticas. O novo
ocupante da Casa Branca iniciará
um processo amplo de reestruturação do sistema financeiro. Se o eleito for Barack Obama, suas chances
de arrancar uma legislação no Congresso são maiores -todas as pesquisas indicam que Senado e Câmara continuarão sob domínio democrata em 2009.
Tudo somado, como se observa,
haverá no mínimo mais quatro ou
cinco meses de balbúrdia. Nesse período, mais bancos quebrarão. Empresas não-financeiras começarão
a entrar na dança por causa da escassez de crédito. Para concluir, a
ressalva final: esse é o cenário mais
positivo na praça.
frodriguesbsb@uol.com.br
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