São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Entrevista
"A edição de ontem da Folha trouxe uma entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que ocupava meia página (pág. E6) do caderno especial Eleições 2004. A edição do jornal distribuído em São Paulo surpreendeu-me -não pelo teor da entrevista e as duras críticas ao PT feitas pelo entrevistado, mas pelo fato de eu mesmo ter sido entrevistado no dia anterior para contrapô-la e o resultado da entrevista não ter sido publicado no jornal. A minha entrevista e a de Fernando Henrique estavam apenas em algumas edições que circularam fora do Estado de São Paulo e, estranhamente, no site do jornal, como se estivesse em todas as edições impressas. Em São Paulo, só foi publicada a entrevista do ex-presidente FHC, em que fez considerações a respeito de seu candidato na capital paulista e críticas ao PT. É importante frisar que tudo isso aconteceu justamente no dia em que os eleitores paulistanos foram às urnas escolher entre candidatos do PT e do PSDB. Considero um desrespeito ao PT o fato ocorrido, uma vez que a entrevista com o ex-presidente foi publicada no dia da eleição municipal e com teor duramente crítico em relação ao partido que presido. Considero ainda um desrespeito ao leitor da Folha, a quem foi negado o direito de ler um contraponto à primeira entrevista. Aguardo um posicionamento do jornal sobre o ocorrido através do ombudsman, a quem enviei esta correspondência."
José Genoino, presidente nacional do PT (Brasília, DF)

Dívida municipal
"O editorial "Saídas para a dívida" (Opinião, pág. A2, 30/10) aborda a gravidade do endividamento da cidade de São Paulo, hoje na casa dos R$ 30 bilhões. Em relação às propostas contidas no editorial para equacionar esse problema, penso que faltou uma, no meu entender de grande importância, que é a renegociação da dívida para diminuir o percentual de pagamento -hoje em 13% das receitas líquidas anuais- e ampliar o prazo de pagamento -cerca de 30 anos. Parabenizo a Folha por abordar esse tema relevante, que precisa urgentemente ser discutido pela sociedade paulistana, independentemente do candidato eleito para o Executivo."
Odilon Guedes, vereador pelo PT, membro da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)

Troféu Santa Clara
"Apóio integralmente o repúdio do bispo Odilo Pedro Scherer ao Troféu Santa Clara ("Painel do Leitor", 31/10). Mesmo não sendo católico, enviei ao jornal, há uns dois anos, uma carta com teor parecido. Por que a Folha não cria um troféu para enaltecer os piores da mídia escrita já que acha isso importante?"
Luis Saviolli (Mococa, SP)

Acupuntura
"Em nome da categoria dos acupunturistas e terapeutas orientais, faço uma reclamação em relação ao texto "Pré natal inclui práticas alternativas" (Cotidiano, 24/10). Em um trecho, o médico Baracat diz que "as gestantes devem procurar médicos com formação em acupuntura e indicados pelo obstetra". Com essa afirmação, deixa claro que a acupuntura é uma exclusividade médica. Isso não é verdade e prejudica a imagem dos acupunturista que não são formados em medicina. O acupuntor Marcelo Fabian Oliva ganhou um processo -nº 2003.72.00.003442-0- contra o Cremesc. O juiz da 6ª Vara Federal de Florianópolis, Jurandir Borges Pinheiro, determinou que o Cremesc pague uma multa de R$ 50 mil caso publique anúncios difamando a imagem dos acupunturistas. Para tal decisão, o juiz partiu das seguintes afirmações: "Enquanto a prática da acupuntura não for regulamentada por lei, o Conselho Federal de Medicina não pode fazê-lo através de resolução, sob pena de violação da competência privativa da União para legislar sobre as condições para o exercício das profissões". Ele também ressaltou a ausência de fundamentação cientifica consistente para considerar a acupuntura como especialidade médica apta a inibir a sua prática sob o enfoque eminentemente holístico."
Camila Augusto, assessora de imprensa da Satosp -Sindicato dos Acupunturistas e Terapias Orientais do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Juros
"A Folha continua a martelar a tecla errada quando, monocordiamente, há anos, se bate contra qualquer aumento do juro primário, principal ferramenta do controle inflacionário na atual sistemática. A diferença, o chamado "spread", é que afeta a economia real. Os juros reais já haviam subido independentemente do aumento da Selic. Por isso a inflação foi refreada um pouco neste mês. Quando se fala em juros altos, quase sempre se está pensando em capital de giro (caro em qualquer lugar), e não em financiamento de capital, este quase só disponível no BNDES (uma distorção), a preços até razoáveis. O problema crítico da economia brasileira é mais de ordem fiscal do que monetária. A imprensa, incluindo os órgãos importantes como a Folha, deveria gritar contra o que restou do Orçamento para investimentos -pouco mais de R$ 11 bilhões para 2005. Praticamente toda a arrecadação é consumida para pagar o funcionamento do próprio governo."
Ademir Valezi (São Paulo, SP)

Jacarandá
"Aos leitores da reportagem sobre o uso de jacarandá-da-bahia na reforma do Palácio da Alvorada ("Restauração do Alvorada prevê uso de madeira protegida pelo Ibama", Brasil, 29/10), informamos que, ao contrário do noticiado pela Folha, há estoque da madeira apreendida pelo Ibama resultante de autuações nas regiões das cidades de Eunápolis, Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista e Prado (sul da Bahia) entre 2002 e 2004. Parte desse volume será utilizada na recuperação do Alvorada, de acordo com contatos realizados em setembro último entre os responsáveis pela obra e o Laboratório de Produtos Florestais do Ibama. A lei 9.605/98 e a instrução normativa do Ibama nº 08/01 prevêem a doação de madeira ilegalmente extraída. Tal informação não foi checada pela reportagem com a autarquia. Em nenhum momento da apuração a assessoria de comunicação foi questionada sobre o uso da madeira na reforma." Gilberto Costa, coordenador da assessoria de comunicação do Ibama (Brasília, DF)

Resposta dos jornalistas Julia Duailibi e Eduardo Scolese - Procurado pela Folha, o missivista encaminhou a reportagem à Direção de Proteção Ambiental do Ibama. Ali, em entrevista gravada, a assessora Ida Pietricovsky informou que não existe estoque de jacarandá-da-bahia apreendido no país.

Serginho
"Basta aparecer um cadáver para os abutres tentarem se apoderar da carniça. Trabalho há anos mais de 60 horas semanais dentro de UTIs de vários hospitais e posso dizer com certeza que, em nenhum hospital brasileiro, se uma pessoa tiver uma fibrilação ventricular em seus corredores será desfibrilado em menos de três minutos."
Jair José Golghetto, médico intensivista (Pirassununga, SP)

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