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ELIANE CANTANHÊDE
Estouro da boiada
BRASÍLIA - A profusão de panetones, vídeos e dinheiro vivo é um golpe profundo no PFL, ops!, DEM,
mas não é muito menos grave na
própria chapa de oposição, liderada
pelo PSDB. Por isso, é até curiosa a
discrição do PT.
O efeito sobre o DEM é óbvio. José Roberto Arruda era uma grande
vitrine, o único governador do partido, e a Executiva Nacional decide
hoje não se, mas como vai expulsá-lo: com ou sem direito a defesa. Restam só o prefeito Gilberto Kassab e algumas dezenas, minguantes, de
deputados e senadores.
Já o efeito sobre a candidatura de
oposição, seja ela de José Serra ou
de Aécio Neves, se dará na construção dos palanques e do discurso.
Enquanto Dilma Rousseff montou
um leque de alianças que vai do PC
do B ao PMDB, com o dobro de
tempo na TV, Serra ou Aécio têm
um DEM de perna quebrada, um
PPS no ocaso, pedaços do PMDB e
promessas -ora do PTB, ora do PP.
O mensalinho do DF também
subtrai dois trunfos da oposição: já
não é mais possível encenar a ira
contra o mensalão do Planalto, que,
de resto, já estava mesmo surrado; e
vão para o lixo as fortes imagens de
obras, viadutos, metrôs e coisas do
gênero que o engenheiro Arruda cederia da sua gestão à campanha tucana -na qual ele vinha se insinuando como candidato a vice.
Trata-se de um golpe e tanto, e é
em momentos assim que o que é
ruim só pode piorar: cobranças,
acusações mútuas, ameaças, racha.
Se demos, tucanos e velhos comunistas já andavam arrancando os
cabelos com a diferença de ritmo
entre Lula-Dilma e Serra-Aécio, devem estar todos, a esta altura, à beira de um ataque de nervos, ou da
calvície profunda.
Em 2010, não estarão em jogo
quatro ou oito anos, mas 12. Se Dilma vencer, ela vem primeiro e Lula
de volta em seguida. No caso do
DEM, partido alimentado pela máquina, é a morte por inanição, ou o
estouro da boiada. O que resta do
PSDB sem poder e sem o DEM?
elianec@uol.com.br
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