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São Paulo, domingo, 02 de fevereiro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

O amigo alemão

BRUXELAS - Assim que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou o auditório de Davos, após discursar domingo, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, foi alcançado por seu colega Caio Koch-Weser, secretário alemão das Finanças.
"Acho que ele falou pouco de estabilidade. Seria bom que você reforçasse a mensagem", aconselhou Koch-Weser a seu colega brasileiro, no português perfeito de quem nasceu em Rolândia (PR) e viveu até os 15 anos no Brasil.
O recado talvez fosse até dispensável, na medida em que Palocci não tem feito outra coisa, desde antes da vitória eleitoral, a não ser repetir o discurso da austeridade.
Mas é de todo modo uma indicação de que o governo do PT tem um amigo muito bem colocado, que parece genuinamente preocupado com que dê certo.
Parece também que Koch-Weser é ouvido. Leio que o presidente Lula disse aos governadores que as reformas previdenciária e tributária devem ser aprovadas no primeiro ano de governo "ou nunca mais".
Quando esteve no Brasil, para a posse de Lula, foi mais ou menos isso que o secretário alemão de Finanças disse ao presidente brasileiro. "Os remédios amargos devem ser administrados de saída", conforme reproduziu para a Folha, ainda em Davos.
Além disso, foi Koch-Weser quem trouxe o convite para que Lula comparecesse a Davos e esticasse a viagem até Alemanha e França, as duas principais potências européias.
É até possível que haja algum muxoxo a respeito de um suposto paternalismo alemão, ainda mais em se considerando que Lula desenvolveu laços com o sindicalismo e com alguns políticos alemães da social-democracia, como sindicalista e/ou dirigente do PT.
Se houver, é bobagem. Koch-Weser, além de ser um economista ultraqualificado, é uma voz influente e, em um mundo interdependente e cruel como o de hoje, é melhor ter um advogado simpático por perto.


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