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FERNANDO RODRIGUES
Lula salvou o PMDB
BRASÍLIA - Lula completa hoje
uma obra relevante de seu mandato
na área política: o renascimento do
PMDB. De lambuja, aprofundará o
processo de submissão e irrelevância do PT. Quando o petista assumiu o Planalto, há seis anos, os peemedebistas estavam no limbo, divididos e com pouco poder.
Agora, o PMDB está prestes a
mandar no Congresso inteiro.
Comportado, o PT assiste de camarote e aplaude o patrocínio lulista
para as possíveis vitórias de José
Sarney (favorito na eleição de presidente do Senado) e de Michel Temer (nome forte na Câmara).
Desde os tempos de Fernando
Collor de Mello os peemedebistas
não mandavam tanto. Não custa
lembrar que o PMDB no comando
do Congresso resultou trágico em
1991-1992 para o ocupante do Planalto. A Câmara aprovou e o Senado referendou o impeachment do
presidente da República.
O PMDB atual é igualzinho ao de
16 anos atrás. Está apenas anabolizado e com mais apetite, salivando.
Como diz o ditado espanhol, talvez
ignorado por Lula, "cria cuervos y
te comen los ojos" (crie corvos e
eles te comem os olhos).
Se tudo se confirmar hoje no
Congresso, com a taxa de traição
nos padrões usuais, as vitórias de
Sarney e de Temer serão o ápice do
processo de reabilitação do PMDB.
Na Esplanada, o partido já tem seis
ministros indicados politicamente.
São sete quando se considera a filiação do chanceler Celso Amorim.
Tudo para uma legenda que nunca
elegeu um presidente da República
e há quase 20 anos não ganha o governo de São Paulo.
Pragmático, Lula nunca economizou energias para paparicar o
PMDB. Agora, finaliza a missão de
revitalizar a sigla cuja vocação atávica é ser a madame de Pompadour
da República. Assim como a amante
do rei francês Luís 15, os peemedebistas querem manipular e influir.
Com o PT no Planalto, quem diria,
encontraram terreno fértil.
frodriguesbsb@uol.com.br
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