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A TRÍPLICE FRONTEIRA
Especialmente depois dos
atentados de 11 de setembro, os
Estados Unidos passaram a acusar a
suposta existência de atividade terrorista na região da tríplice fronteira
(em que se encontram os territórios
de Brasil, Argentina e Paraguai). Fazem-no, em público, por meio do levantamento de suspeitas genéricas,
as quais jamais vieram acompanhadas de indícios veementes ou provas
cabais. A mais recente dessas acusações proveio do polêmico subsecretário de Estado para a América Latina, o cubano-americano Otto Reich.
Num seminário, em Miami, Reich
proclamou: "Terrorismo e violência
política persistem nesse hemisfério.
Organizações terroristas estão operando na Colômbia, no Peru e na região da tríplice fronteira". Pelo visto,
depois do vexame por que passou no
episódio da destituição golpista de
Hugo Chávez, na Venezuela, o Departamento de Estado não reviu, como deveria, a sua política para a
América Latina.
As preocupações dos norte-americanos quanto a supostas atividades
terroristas na tríplice fronteira foram
rebatidas em Washington pelo presidente Fernando Henrique Cardoso e
pelo ministro-chefe do Gabinete de
Segurança Institucional, o general
Alberto Cardoso. O bom procedimento diplomático recomendaria
que as autoridades norte-americanas
só voltassem ao tema se estivessem
munidas de informação nova, de indícios de prática terrorista.
Atividades típicas do crime organizado, como contrabando e lavagem
de dinheiro, já foram detectadas na
tríplice fronteira. E o Estado brasileiro, como um dos principais lesados
por esses desmandos, deveria empenhar-se muito mais do que o faz para
desbaratar essas quadrilhas.
Já quando se lança a acusação difusa de "terrorismo" sobre a região, o
que se está a fazer, por meio de eufemismos, é colocar sob suspeita toda
uma comunidade de ascendência
árabe que vive na tríplice fronteira.
Trata-se de uma atitude preconceituosa, inaceitável.
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