|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELIANE CANTANHÊDE
Na mesma moeda
BRASÍLIA - O processo político na era FHC (independentemente dele) vem
tragando velhas oligarquias que dominam há décadas a economia, a política, a comunicação, os empregos e
as almas de Estados inteiros.
Caíram ACM na Bahia (pela violação do painel do Senado), Jader Barbalho no Pará (por denúncias de corrupção), agora os Sarney no Maranhão (por suspeitas na Sudam e pela
montoeira de notas de R$ 50).
Saio hoje de férias e acho que daqui
a um mês vou encontrar tudo mais
ou menos na mesma, mas com o vice
de José Serra escolhido: o deputado
Henrique Alves (PMDB-RN). A próxima oligarquia a cair será a dos Alves no Rio Grande do Norte?
O pai de Henrique, Aluísio Alves, é
dono de meios de comunicação, foi
cassado pela ditadura e voltou à tona
como ministro de Sarney e, depois, de
Itamar Franco. Na onda da redemocratização, disputou o governo do Estado e perdeu para o então jovem José Agripino Maia, de uma outra oligarquia nordestina, a dos Maia, da
Arena, do PDS e depois do PFL.
No meio tempo, Aluísio lançou na
política os filhos gêmeos, Henrique e
Catarina. Como líderes locais e deputados, estão quietos e sossegados.
Mas, se Henrique virar candidato a
vice, tudo pode acontecer.
Jader elegeu-se presidente do Senado, cortaram-lhe a cabeça. ACM foi o
principal algoz, lá se foi o seu próprio
pescoço. Roseana arvorou-se candidata, teve o mesmo destino.
Todos mantêm força eleitoral nos
seus Estados e podem voltar ao cenário nacional via Senado. Mas marcados, machucados, sem a força e o
prestígio que sempre tiveram.
Dizia-se que Serra estava por trás
da desgraça de Roseana. Se o PFL
quiser dar o troco na mesma moeda,
Henrique Alves que se cuide para
proteger a si e a Serra. Os serristas
vão ter muito mais o que fazer do que
mandar cartinha todo dia para jornalista.
Mas isso é com você, leitor, que continua "na ativa". De férias, não quero
nem ouvir falar de oligarquias e de
vices. De denúncias, nem pensar.
Divirta-se! A festa é sua.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O círculo de ferro Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Santos e pecadores Índice
|