São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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ELIANE CANTANHÊDE

Na mesma moeda

BRASÍLIA - O processo político na era FHC (independentemente dele) vem tragando velhas oligarquias que dominam há décadas a economia, a política, a comunicação, os empregos e as almas de Estados inteiros.
Caíram ACM na Bahia (pela violação do painel do Senado), Jader Barbalho no Pará (por denúncias de corrupção), agora os Sarney no Maranhão (por suspeitas na Sudam e pela montoeira de notas de R$ 50).
Saio hoje de férias e acho que daqui a um mês vou encontrar tudo mais ou menos na mesma, mas com o vice de José Serra escolhido: o deputado Henrique Alves (PMDB-RN). A próxima oligarquia a cair será a dos Alves no Rio Grande do Norte?
O pai de Henrique, Aluísio Alves, é dono de meios de comunicação, foi cassado pela ditadura e voltou à tona como ministro de Sarney e, depois, de Itamar Franco. Na onda da redemocratização, disputou o governo do Estado e perdeu para o então jovem José Agripino Maia, de uma outra oligarquia nordestina, a dos Maia, da Arena, do PDS e depois do PFL.
No meio tempo, Aluísio lançou na política os filhos gêmeos, Henrique e Catarina. Como líderes locais e deputados, estão quietos e sossegados. Mas, se Henrique virar candidato a vice, tudo pode acontecer.
Jader elegeu-se presidente do Senado, cortaram-lhe a cabeça. ACM foi o principal algoz, lá se foi o seu próprio pescoço. Roseana arvorou-se candidata, teve o mesmo destino.
Todos mantêm força eleitoral nos seus Estados e podem voltar ao cenário nacional via Senado. Mas marcados, machucados, sem a força e o prestígio que sempre tiveram.
Dizia-se que Serra estava por trás da desgraça de Roseana. Se o PFL quiser dar o troco na mesma moeda, Henrique Alves que se cuide para proteger a si e a Serra. Os serristas vão ter muito mais o que fazer do que mandar cartinha todo dia para jornalista.
Mas isso é com você, leitor, que continua "na ativa". De férias, não quero nem ouvir falar de oligarquias e de vices. De denúncias, nem pensar.
Divirta-se! A festa é sua.


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