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CAOS PUBLICITÁRIO
São Paulo não teve a felicidade
de ser agraciada com a beleza
natural de um Rio de Janeiro ou de
outras cidades, mas nem por isso o
poder público está autorizado a
transformar a capital paulista em
palco de uma anarquia publicitária,
em que faixas, letreiros e cartazes
disputam palmo a palmo exíguos espaços de uso comum.
Ninguém sabe ao certo quantos
anúncios publicitários existem na cidade. As estimativas variam entre 4
milhões e 6 milhões, a maioria dos
quais em situação irregular. Nos fins
de semana e feriados o problema é
ainda mais grave, pois placas sobre
cavaletes anunciando lançamentos
imobiliários passam a invadir as geralmente estreitas calçadas da metrópole, obstruindo o trânsito dos sempre preteridos pedestres e atrapalhando a visão dos motoristas.
Em teoria, a exposição desse material rende dividendos ao poder municipal. A tomada do espaço público
não configuraria grilagem; seria antes um aluguel. A colocação de 20 cavaletes num determinado local pelo
período de um mês rende R$ 9.879
aos cofres públicos. O problema, de
novo, é que 90% das mensagens estão em situação irregular.
Se acompanhado de um aumento
da fiscalização, esse sistema é uma
fonte legítima de recursos para a prefeitura. Mas não ao preço de prejudicar o munícipe. A função precípua
das calçadas é permitir a circulação
de pedestres. Além disso, é imperativo para a segurança do tráfego de veículos que motoristas tenham plena
visão dos cruzamentos.
Se o poder público quer continuar
gozando das receitas proporcionadas por esse tipo de publicidade, deve regulamentar suas dimensões e
suportes de modo que ela não comprometa as funções essenciais das
calçadas. Nos espaços públicos, são
pessoas, e não propagandas, que devem ter prioridade.
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