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CLÓVIS ROSSI
Um JK para a educação?
SÃO PAULO - De Paulo Renato a Fernando Haddad, algumas boas cabeças passaram pelo Ministério da
Educação nos últimos 12 anos, mas
nenhuma delas pareceu dar-se conta
de que o problema da educação no
Brasil exige urgências.
Que o país avançou nessa área,
nem há dúvidas. Mas isso não basta
nem remotamente. É preciso "um
Juscelino Kubitschek do capital humano", como diz o economista e sociólogo Eduardo Gianetti da Fonseca
em entrevista para a revista "Rumos
do Desenvolvimento", número de janeiro/fevereiro.
Imagino que Gianetti, pensador
sempre instigante, embora nem sempre concorde com ele, esteja desejando algo como "50 anos em 5", o slogan de JK que se tornou objeto de
saudade.
A pressa pode ser avaliada também
em correspondência de Zander Navarro, pesquisador brasileiro hoje no
Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade britânica de
Sussex.
Lembra Zander: "Em 1980, quando
terminava meu doutoramento na Inglaterra, o Brasil tinha, aproximadamente, 1,6 mil pós-graduandos naquele país, em todas as áreas do conhecimento. Naquele ano, contudo, a
Malásia tinha 18 mil, Cingapura tinha 21 mil e a China (25 anos atrás,
antes do ciclo de expansão) já tinha
aproximadamente 6 mil pós-graduandos, especialmente em campos
tecnológicos mais avançados. Duas
décadas depois, por que esses países
estão criando um outro pólo de acumulação de capital e de desenvolvimento social e econômico que começa a rivalizar com a hegemonia norte-americana? Milagres não ocorrem
nesses campos. A aposta que esses
países fizeram em educação não foi a
condição básica?".
Esse é o ponto. Antes, até se podia
perder um ano ou dois, porque o desenvolvimento era essencialmente
uma questão intramuros. Agora, é
uma questão de concorrência com
outros países. Se a gente pára ou anda devagar e eles não, danou-se.
@ - crossi@uol.com.br
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