São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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CLÓVIS ROSSI

Um JK para a educação?

SÃO PAULO - De Paulo Renato a Fernando Haddad, algumas boas cabeças passaram pelo Ministério da Educação nos últimos 12 anos, mas nenhuma delas pareceu dar-se conta de que o problema da educação no Brasil exige urgências.
Que o país avançou nessa área, nem há dúvidas. Mas isso não basta nem remotamente. É preciso "um Juscelino Kubitschek do capital humano", como diz o economista e sociólogo Eduardo Gianetti da Fonseca em entrevista para a revista "Rumos do Desenvolvimento", número de janeiro/fevereiro.
Imagino que Gianetti, pensador sempre instigante, embora nem sempre concorde com ele, esteja desejando algo como "50 anos em 5", o slogan de JK que se tornou objeto de saudade.
A pressa pode ser avaliada também em correspondência de Zander Navarro, pesquisador brasileiro hoje no Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade britânica de Sussex.
Lembra Zander: "Em 1980, quando terminava meu doutoramento na Inglaterra, o Brasil tinha, aproximadamente, 1,6 mil pós-graduandos naquele país, em todas as áreas do conhecimento. Naquele ano, contudo, a Malásia tinha 18 mil, Cingapura tinha 21 mil e a China (25 anos atrás, antes do ciclo de expansão) já tinha aproximadamente 6 mil pós-graduandos, especialmente em campos tecnológicos mais avançados. Duas décadas depois, por que esses países estão criando um outro pólo de acumulação de capital e de desenvolvimento social e econômico que começa a rivalizar com a hegemonia norte-americana? Milagres não ocorrem nesses campos. A aposta que esses países fizeram em educação não foi a condição básica?".
Esse é o ponto. Antes, até se podia perder um ano ou dois, porque o desenvolvimento era essencialmente uma questão intramuros. Agora, é uma questão de concorrência com outros países. Se a gente pára ou anda devagar e eles não, danou-se.

@ - crossi@uol.com.br


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