São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2004

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VITÓRIA DO TSE

Foi positivo o saldo da controvérsia acerca da redução do número de vereadores determinada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Apesar do que parecia sugerir a reação dos partidos à medida, barrou-se no Senado a emenda constitucional que visava à diminuição do corte de cargos de vereança. Manteve-se a decisão de eliminar 8.528 vagas, enquanto pela emenda apenas 5.062 delas seriam extintas.
O desfecho da votação é louvável, não só pela economia de cerca de R$ 550 milhões anuais, que dela resultará, mas também por se ter superado o festival de corporativismo e fatos vexaminosos ocorrido durante o encaminhamento da matéria. Quanto a isso, basta lembrar que a controvérsia acirrou os ânimos a ponto de dar ensejo a ameaças de agressão física e comentários ofensivos sobre a "virilidade" de integrantes do Senado.
Não é o caso, contudo, de afirmar que a emenda tenha sido derrubada por motivos de todo nobres. É verdade que alguns senadores sempre foram declaradamente contrários à proposta, mas outros fatores talvez tenham sido mais determinantes para o resultado da votação.
Primeiramente, com o intuito de fazer a emenda valer para as próximas eleições, seus defensores foram forçados a submetê-la a pleito mesmo sem margem de segurança. Em segundo lugar, questões regionais foram fundamentais na votação de terça. Por último, ao que tudo indica, foi relevante a atuação nos bastidores de membros do governo interessados em revidar a derrota diante PSDB e o PFL, quando da votação do aumento do salário mínimo.
Felizmente, a redução de cargos parece assegurada para a eleição de outubro próximo -apesar do recurso contra a votação apresentado pelos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). É de esperar que a decisão prevaleça também para pleitos vindouros. O Brasil só tem a ganhar se for mantida a proposta do TSE, que dá mais racionalidade à representação e torna menos dispendiosa a máquina pública.


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