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Esperança contra violência
ENTRE 2007 E 2008 , a população mundial atravessará
barreira inédita, tornando-se majoritariamente urbana. Serão 3,3 bilhões de pessoas vivendo nas cidades. Para o Fundo de
População das Nações Unidas
(UNFPA), fonte da projeção, tal
explosão tem um lado positivo.
Essa transição já se deu há
muito em países ricos e na maior
parte da América Latina -o Brasil tem mais de 80% dos habitantes nas cidades. É na Ásia e na
África que se processará a transformação de ora em diante, elevando a parcela urbana da população mundial a 60% em 2030.
O novo relatório da UNFPA,
"Estado da População Mundial
2007", resume o movimento inexorável com uma palavra: esperança. Urbes caóticas como São
Paulo, Mumbai e Lagos concentram e dão visibilidade a paroxismos de pobreza, decerto. Representam também, para muitos, a
única chance de escapar dela.
Migrar para as metrópoles, ou
nelas permanecer (mesmo que
em favelas e cortiços), significa
ter acesso a emprego, renda e
serviços públicos. Saúde e educação, entre outros, são bens escassos no meio rural. Com acesso a
informação e métodos contraceptivos, as taxas de fertilidade
caem de maneira mais acelerada,
mitigando efeitos deletérios do
crescimento populacional.
As estatísticas apóiam tal raciocínio: a pobreza nas cidades
decresce mais rápido que no
campo. Para o demógrafo Ralph
Hakkert, o aumento na parcela
de população urbana brasileira
de 80,6% para 83,6%, de 1999 a
2004, explicaria um sexto da redução de pobreza no período.
Nada disso pode apagar a explosão de miséria e violência em
bolsões das capitais da pobreza.
Tragédias como a do complexo
do Alemão, no Rio, continuarão a
multiplicar-se enquanto governos não enfrentarem de modo
mais decidido o desafio de reduzir a desigualdade gerando emprego e renda para todos.
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