São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CRESCER SEM INFLAÇÃO

O anúncio da elevação da taxa de crescimento da economia norte-americana no segundo trimestre deste ano (5,2% contra 4,8% dos primeiros três meses) é mais um capítulo da novela sobre a forma de desaceleração (suave ou não) que essa economia deverá enfrentar.
Depois de mais de cem meses de crescimento contínuo, tornou-se quase consensual que a continuidade dessa trajetória de altas taxas de crescimento nos EUA teria inevitavelmente impactos inflacionários, que teriam de ser combatidos pelo Fed com elevações nos juros, afetando toda a economia mundial.
Assim, melhor seria que o crescimento fosse reduzido paulatinamente com a finalidade de conter a ameaça da inflação e a necessidade de grande elevação dos juros nos EUA. Porém, como acontece muitas vezes em assuntos de economia, ainda não é possível fazer um prognóstico definitivo sobre o tema.
A presente aceleração do crescimento dos EUA tornou-se assim muito preocupante. Mas a divulgação do "deflator de PIB" (que mede aproximadamente a inflação) de 2,3% no segundo trimestre indicava que a inflação desse período deveria ser menor que a do primeiro (3,5%).
A explicação dada é que o crescimento não foi baseado no consumo -esses gastos subiram apenas 3% contra 7,6% do trimestre anterior. Mas que teria sido fomentado por investimentos, que aumentam a produtividade e a capacidade produtiva da economia norte-americana. Isto é, estaria se elevando a capacidade de a economia responder ao crescimento da demanda sem gerar inflação.
Isso não significa que seja possível comemorar o afastamento de cenário internacional mais conturbado. Mas serve para que países como o Brasil se dêem conta de que há outros caminhos, que não apenas o da restrição ao crescimento, para manter a inflação sob controle mesmo quando os mercados se aquecem.


Texto Anterior: Editorial: DINHEIRO LAVADO
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: 2000 não antecipa 2002
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.