São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2000


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CLÓVIS ROSSI

2000 não antecipa 2002

SÃO PAULO - Todo ano em que há eleições municipais, os jornalistas gostamos de dizer que elas serão uma espécie de "preview" da eleição nacional, dois anos mais tarde.
Espero que não cometamos de novo o erro de achar que as eleições de outubro darão pistas sobre o que vai ocorrer em 2002.
Dificilmente isso acontecerá. Ao contrário, tendem a ser as mais chatas eleições municipais desde que, em 1985, foi restabelecido o pleito direto para as capitais dos Estados. As pesquisas do Datafolha indicam que só vai dar prefeito reeleito ou ex-prefeito que volta ao cargo. A única exceção parece ser São Paulo, em que a liderança de Marta Suplicy (PT) mantém-se inalterada desde o início das pesquisas.
Se as urnas confirmarem as pesquisas, Marta será, a rigor, a única novidade a surgir na safra de prefeitos das principais capitais. Novidade assim mesmo relativa, porque já foi deputada federal e candidata a governadora, para não mencionar sua presença na TV em tempos idos.
É claro que o PT tentará capitalizar a vitória de Marta (e, ao que tudo indica, a de Tarso Genro em Porto Alegre). Mas não parece razoável supor que uma ou a outra indiquem que o partido terá, em 2002, mais chances do que nos pleitos nacionais anteriores. São fenômenos localizados, não uma maré montante petista.
Por tudo isso, desconfio que um parâmetro mais seguro para antecipar tendências para 2002 são os pleitos nos países vizinhos. A vitória do presidente Hugo Chávez, na Venezuela, no domingo, reforça a tendência de predominância dos personalismos ou, como já comentado neste espaço, a "fulanização" da política.
No Brasil, país em que as estruturas partidárias sempre foram mais débeis que nos vizinhos, só falta dar nome ao "fulano" do bloco governista, que os outros são Ciro Gomes e Luiz Inácio Lula da Silva.


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