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CLÓVIS ROSSI
2000 não antecipa 2002
SÃO PAULO - Todo ano em que há eleições municipais, os jornalistas
gostamos de dizer que elas serão uma
espécie de "preview" da eleição nacional, dois anos mais tarde.
Espero que não cometamos de novo
o erro de achar que as eleições de outubro darão pistas sobre o que vai
ocorrer em 2002.
Dificilmente isso acontecerá. Ao
contrário, tendem a ser as mais chatas eleições municipais desde que, em
1985, foi restabelecido o pleito direto
para as capitais dos Estados. As pesquisas do Datafolha indicam que só
vai dar prefeito reeleito ou ex-prefeito
que volta ao cargo. A única exceção
parece ser São Paulo, em que a liderança de Marta Suplicy (PT) mantém-se inalterada desde o início das
pesquisas.
Se as urnas confirmarem as pesquisas, Marta será, a rigor, a única novidade a surgir na safra de prefeitos
das principais capitais. Novidade assim mesmo relativa, porque já foi deputada federal e candidata a governadora, para não mencionar sua
presença na TV em tempos idos.
É claro que o PT tentará capitalizar
a vitória de Marta (e, ao que tudo indica, a de Tarso Genro em Porto Alegre). Mas não parece razoável supor
que uma ou a outra indiquem que o
partido terá, em 2002, mais chances
do que nos pleitos nacionais anteriores. São fenômenos localizados, não
uma maré montante petista.
Por tudo isso, desconfio que um parâmetro mais seguro para antecipar
tendências para 2002 são os pleitos
nos países vizinhos. A vitória do presidente Hugo Chávez, na Venezuela,
no domingo, reforça a tendência de
predominância dos personalismos
ou, como já comentado neste espaço,
a "fulanização" da política.
No Brasil, país em que as estruturas
partidárias sempre foram mais débeis que nos vizinhos, só falta dar nome ao "fulano" do bloco governista,
que os outros são Ciro Gomes e Luiz
Inácio Lula da Silva.
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