São Paulo, quarta-feira, 02 de agosto de 2000


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FERNANDO RODRIGUES

A insegurança da oposição

BRASÍLIA - Chovo no molhado, mas vou repetir. Mantido no estágio atual, o caso EJ está controlado pelo governo. Não haverá CPI.
É importante notar que o assunto não está encerrado. Assim como também continuam insepultas dezenas de outros casos.
Dizer que um "fato novo" altera o cenário é afirmar o óbvio. Fatos novos modificariam qualquer coisa.
Enquanto o tal fato novo não vem, sobra o cotidiano. Ontem, uma ação emblemática demonstrou como a oposição está insegura sobre o melhor caminho a tomar.
Parlamentares oposicionistas querem atrasar o depoimento de Eduardo Jorge. Antes, preferem inquirir os procuradores da República que cuidam do caso.
A decisão sobre esse pedido deve ser tomada hoje.
É curioso que a oposição, defensora da instalação imediata de uma CPI, não esteja ainda preparada para inquirir Eduardo Jorge. Prefere sabatinar os procuradores na frente.
Do ponto de vista formal, faz sentido primeiro ouvir as evidências para depois escutar a defesa do acusado. Além do mais, se Eduardo Jorge fizer seu depoimento e der um baile nos parlamentares de oposição, será uma pancada definitiva na CPI.
Se der a lógica, EJ vai depor o mais rapidamente possível. A aliança fernandina no Congresso armará um cordão sanitário. Protegerá o ex-ministro. E fim.
O próximo passo será a emissão das faturas. A cada declaração, cada gesto, cada entrevista, uma conta vai sendo impressa e depositada sobre a escrivaninha de FHC. É assim a política convencional adotada sem remorso nestes anos tucanos.
São faturas pesadas. FHC pode e prefere pagá-las a prazo. A primeira parcela vence no início do ano que vem, na eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado.
Está cada vez mais difícil tirar essas cadeiras de Inocêncio Oliveira (PFL) e de Jader Barbalho (PMDB).


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