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FERNANDO RODRIGUES
A insegurança da oposição
BRASÍLIA - Chovo no molhado, mas vou repetir. Mantido no estágio
atual, o caso EJ está controlado pelo
governo. Não haverá CPI.
É importante notar que o assunto
não está encerrado. Assim como
também continuam insepultas dezenas de outros casos.
Dizer que um "fato novo" altera o
cenário é afirmar o óbvio. Fatos novos modificariam qualquer coisa.
Enquanto o tal fato novo não vem,
sobra o cotidiano. Ontem, uma ação
emblemática demonstrou como a
oposição está insegura sobre o melhor caminho a tomar.
Parlamentares oposicionistas querem atrasar o depoimento de Eduardo Jorge. Antes, preferem inquirir os
procuradores da República que cuidam do caso.
A decisão sobre esse pedido deve ser
tomada hoje.
É curioso que a oposição, defensora
da instalação imediata de uma CPI,
não esteja ainda preparada para inquirir Eduardo Jorge. Prefere sabatinar os procuradores na frente.
Do ponto de vista formal, faz sentido primeiro ouvir as evidências para
depois escutar a defesa do acusado.
Além do mais, se Eduardo Jorge fizer
seu depoimento e der um baile nos
parlamentares de oposição, será uma
pancada definitiva na CPI.
Se der a lógica, EJ vai depor o mais
rapidamente possível. A aliança fernandina no Congresso armará um
cordão sanitário. Protegerá o ex-ministro. E fim.
O próximo passo será a emissão das
faturas. A cada declaração, cada gesto, cada entrevista, uma conta vai
sendo impressa e depositada sobre a
escrivaninha de FHC. É assim a política convencional adotada sem remorso nestes anos tucanos.
São faturas pesadas. FHC pode e
prefere pagá-las a prazo. A primeira
parcela vence no início do ano que
vem, na eleição dos novos presidentes
da Câmara e do Senado.
Está cada vez mais difícil tirar essas
cadeiras de Inocêncio Oliveira (PFL)
e de Jader Barbalho (PMDB).
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