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EDITORIAIS
PRAGMATISMO SEM FIM
A acelerada convergência de
Luiz Inácio Lula da Silva ao
aliancismo não tem poupado de "revisionismo" nem a visão tradicional
da esquerda sobre a história recente
do Brasil. O elogio ao suposto vigor
planejador e empreendedor do governo Médici seria impensável há
pouco tempo. Se esse é um episódio
algo mais anedótico na transição política do principal líder do Partido
dos Trabalhadores, a troca de afagos
públicos com o ex-presidente José
Sarney parece significativa, especialmente à luz da mais recente pesquisa
do Datafolha para a Presidência.
A mudança no quadro sucessório,
com o acirramento da disputa pelo
segundo lugar entre o ex-governador
Ciro Gomes e o senador José Serra,
também tem suas implicações para a
estratégia política do PT num eventual segundo turno.
Se o cenário for o de um confronto
final entre Lula e Ciro Gomes, é muito provável que o esforço de migração ao centro do petista seja, em parte, recompensado. Nessa hipótese,
Lula dificilmente ficaria alijado do
apoio de parte significativa da chapa
e dos simpatizantes de José Serra.
Mas, se o voto popular decidir por
um turno final entre o tucano e o petista, o cenário muda substancialmente. Nesse caso, seria José Serra o
grande aglutinador das energias políticas do "establishment" brasileiro,
com a possibilidade adicional de a
candidatura tucana atrair uma boa
parcela do apoio hoje associado à
chapa de Ciro Gomes. Restaria a Lula buscar endosso dos que, na senda
conservadora, são inconciliáveis
com a chapa governista. José Sarney
é uma liderança que parece se encaixar nesse quesito, mas não é a única.
O aliancismo de Lula e da cúpula de
seu partido avançou tanto que, hoje,
seria equivocado descartar a possibilidade de um acordo de segundo turno entre o PT e outras figuras de proa
do conservadorismo brasileiro.
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