São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

Lula é Bush pai ao contrário

BRASÍLIA - Lula repete George Bush pai ao contrário. Em outubro de 1992, qualquer pessoa medianamente bem informada sabia que os Estados Unidos embicavam para um crescimento robusto nos anos seguintes. Mas o período anterior tinha sido péssimo. Bush perdeu para o democrata Bill Clinton, que ficou com a fama (injusta) de ter arquitetado um dos mais fenomenais períodos de crescimento daquele país. O resto é história.
Agora, no Brasil, dá-se o oposto. É cristalina a ineficácia do modelo econômico medíocre adotado por Lula -numa herança direta de FHC. O PIB do segundo trimestre cresceu só 0,5%. Só que essa derrapada ocorre num momento tardio para ter efeito sobre o eleitorado.
Até porque o consumo das famílias subiu 1,2% no mesmo período. Nada indica grandes alterações para o ano que vem. Mas, possivelmente, Lula já esteja reeleito, como indicam as pesquisas. Qual é o problema? A falta de sofisticação intelectual e capacidade de formulação dos que rodeiam o petista.
No Banco Central, Henrique Meirelles passou 2005 inteiro sonhando ser governador de Goiás. Recebia e visitava prefeitos. Concluiu ser mais fácil continuar com suas platitudes inócuas no BC. No Ministério da Fazenda, Lula tem o homem mais conveniente possível. O que acontecerá se Guido Mantega for demitido? Nada.
Lula acertou ao aderir à ortodoxia econômica. Esse foi o único modelo testado com algum sucesso até hoje em vários países. O problema é a falta de iluminismo na Esplanada. Alguém que elabore uma saída, sem quebrar regras nem contratos, que funcione como uma "URV do crescimento". A chance de esse milagre ser operado com Lula tende a zero.
Idem com Alckmin. Na dúvida, o eleitor se movimenta inercialmente e deixa tudo como está.


frodriguesbsb@uol.com.br

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