São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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Na trilha do chavismo

OS PRIMEIROS números extra-oficiais indicam que o presidente equatoriano Rafael Correa obteve no domingo uma importante vitória ao eleger a maioria dos membros da Assembléia Constituinte por ele convocada. Projeções dão conta de que seu partido, a Alianza País (AP), terá ao menos 71 das 130 cadeiras. Precisava de 66 para ditar os termos da nova Carta que a assembléia redigirá.
O resultado coloca Correa no encalço de Evo Morales e Hugo Chávez na busca pelo que chamam de "socialismo do século 21", recidiva do velho caudilhismo populista. O desfecho mais provável dessa aventura na qual os equatorianos agora embarcam será afugentar investimentos e agravar ainda mais a miséria e a instabilidade do país.
O roteiro já está traçado. Correa afirmou que pretende usar dos "amplos poderes" dados à assembléia para extinguir o Congresso, que foi, como ele próprio, eleito no ano passado. Tem razões muito precisas para fazê-lo. A fim de tornar mais verossímil seu discurso de candidato que se opunha à "politica tradicional", havia impedido a AP de participar do pleito legislativo. A estratégia ajudou o candidato Correa a vencer, mas deixou o presidente eleito sem base parlamentar.
Uma boa descrição da manobra agora pretendida pelo dirigente é golpe branco. Sabe-se lá que outras surpresas apresentará. A repetir-se o modelo venezuelano, estão a caminho a reeleição indefinida e a instituição de tutelas do Executivo sobre o Judiciário e o Legislativo.
Por ora Correa se aproveita de sua alta popularidade. É difícil, entretanto, dizer até quando vai durar a lua-de-mel entre o novo presidente e a população. O Equador costuma ser implacável com dirigentes que caem em desgraça. Na última década, protestos de rua puseram três presidentes para correr.


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