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Na trilha do chavismo
OS PRIMEIROS números extra-oficiais indicam que o
presidente equatoriano
Rafael Correa obteve no domingo uma importante vitória ao
eleger a maioria dos membros da
Assembléia Constituinte por ele
convocada. Projeções dão conta
de que seu partido, a Alianza País
(AP), terá ao menos 71 das 130
cadeiras. Precisava de 66 para ditar os termos da nova Carta que a
assembléia redigirá.
O resultado coloca Correa no
encalço de Evo Morales e Hugo
Chávez na busca pelo que chamam de "socialismo do século
21", recidiva do velho caudilhismo populista. O desfecho mais
provável dessa aventura na qual
os equatorianos agora embarcam será afugentar investimentos e agravar ainda mais a miséria e a instabilidade do país.
O roteiro já está traçado. Correa afirmou que pretende usar
dos "amplos poderes" dados à assembléia para extinguir o Congresso, que foi, como ele próprio,
eleito no ano passado. Tem razões muito precisas para fazê-lo.
A fim de tornar mais verossímil
seu discurso de candidato que se
opunha à "politica tradicional",
havia impedido a AP de participar do pleito legislativo. A estratégia ajudou o candidato Correa
a vencer, mas deixou o presidente eleito sem base parlamentar.
Uma boa descrição da manobra agora pretendida pelo dirigente é golpe branco. Sabe-se lá
que outras surpresas apresentará. A repetir-se o modelo venezuelano, estão a caminho a reeleição indefinida e a instituição
de tutelas do Executivo sobre o
Judiciário e o Legislativo.
Por ora Correa se aproveita de
sua alta popularidade. É difícil,
entretanto, dizer até quando vai
durar a lua-de-mel entre o novo
presidente e a população. O
Equador costuma ser implacável
com dirigentes que caem em
desgraça. Na última década, protestos de rua puseram três presidentes para correr.
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