São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2007

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CLÓVIS ROSSI

Fracasso continuado

SÃO PAULO - O Estado de São Paulo implantou, na educação, o método batizado de "progressão continuada", eufemismo para dizer que mesmo quem não aprendeu direito passa de ano. Seria melhor rebatizar o modelo para "fracasso continuado", a julgar pelos dados extraídos do Saeb (exame federal de avaliação da aprendizagem), ontem expostos nesta Folha por Fábio Takahashi.
Fracasso pelos motivos óbvios: alunos do terceiro ano -ou seja, prontos para o vestibular de ingresso na faculdade- não sabem mais do que deveriam saber se ainda estivessem na oitava série.
Continuado porque São Paulo é um dos raros Estados em que um mesmo partido (no caso, o PSDB) está no comando há 13 anos. Não vale dizer que José Serra, o terceiro governador da linhagem tucana, está no poder há apenas nove meses e não teria tido tempo de parir um programa próprio para o setor.
Tolice: a proposta de Serra (dois professores em cada sala de aula) não é resposta, a julgar pelo que diz a sua própria secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
Para ela, "os professores não estão preparados". Ora, se não estão, dois professores despreparados na mesma sala de aula só aumentarão o tamanho do problema.
Mas os resultados extraídos do Saeb vão muito além do fracasso de um partido. Primeiro, porque dizem respeito ao conjunto das escolas (privadas e públicas, ainda que as públicas tenham de fato número mais nefastos). Segundo, porque aparecem após 12 anos em que os ministros da Educação foram gente do ramo e gente séria (Paulo Renato Souza, Cristovam Buarque, Fernando Haddad). Não é, pois, um problema só do ministério nem só do setor público.
Desnecessário dizer que o Brasil não tem a menor chance de chegar a um estágio civilizado com esse nível de educação, certo?


crossi@uol.com.br

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