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CARANDIRU, SEIS ANOS
No dia de hoje completam-se seis
anos do massacre do Carandiru,
quando 111 presos foram mortos pela
Polícia Militar paulista. O episódio,
exemplo de barbárie concentrada, foi
o momento mais terrível da selvageria policial que marcou o governo
Luiz Antonio Fleury Filho. A PM, em
sua administração, bateu recordes de
homicídios. Apenas num ano, o número de vítimas da corporação ultrapassou a casa do milhar.
É frustrante constatar que, decorridos seis anos do massacre, nenhum
de seus responsáveis tenha sido nem
sequer julgado. Esse tipo de impunidade tão costumeira quando estão
envolvidos, direta ou indiretamente,
funcionários do Estado reforça a
idéia difundida de que a Justiça no
país ainda cumpre suas funções mal
e mais lentamente do que seria aceitável, embora esse processo seja de
fato complexo, entre outras razões
pelo número de policiais envolvidos
na operação que resultou na chacina.
Espera-se que se confirme a notícia
de que o comandante-geral da PM à
época do massacre, coronel Ubiratan
Guimarães, que coordenou a invasão
do Pavilhão 9, pode ir a júri popular.
Seria bom para a saúde da sociedade
e da democracia que isso ocorresse.
Tal fato, porém, pode ser frustrado
se o coronel conseguir se eleger deputado estadual depois de amanhã, o
que lhe daria imunidade parlamentar
e transferiria o caso para o Tribunal
de Justiça. Aliás, muitos verão nessa
candidatura do coronel ao Legislativo uma maneira de escapar da Justiça, o que evidencia qual é a responsabilidade do eleitor numa democracia.
É preciso rever com urgência a lei que
dá imunidade aos parlamentares. Ela
deveria servir à proteção da instituição e não para garantir a impunidade
de pessoas como Ubiratan.
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