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Escrito nas estrelas
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Mário Covas atravessou a
eleição inteirinha em terceiro lugar e
só encostou em Francisco Rossi uma
única vez. Mas todo mundo apostou o
tempo inteiro que ele iria para o segundo turno.
Olho no olho, Covas diz não ter dúvidas: "Já disputei nove eleições e sei
como é, sinto o clima. Tenho certeza
de que estou no segundo turno". De
longe, parece uma aposta arriscada.
A única certeza em São Paulo é que
a dianteira de Paulo Maluf é sólida, e
ele vai chegar muito forte ao segundo
turno. Não será fácil derrotá-lo.
No mais, há indefinições. Francisco
Rossi foi mais longe do que podia, e é
natural que venha perdendo fôlego.
Covas vai que vai, mas ainda não foi.
Marta está indo, devagar e sempre.
Covas bateu em Rossi, e os votos foram para Maluf. Bateu em Maluf, mas
é como esmurrar cara-de-pau.
Ao contrário, Marta decidiu bater
em Covas, e parece dar certo. Ele havia chegado a 19% no Datafolha, mas
voltou agora para 17%. E Marta está
ali encostada, com 14%.
A agressão de Marta é em legítima
defesa, para se proteger do "voto útil".
O eleitor petista treme de pensar num
segundo turno entre Maluf e Rossi. E
pode na última hora votar em Covas.
Em 82, Lula disputou o governo de
São Paulo e teve 9,87% dos votos. Em
86, Suplicy ficou com 9,76%. Em 90,
Plínio de Arruda Sampaio chegou com
9,55%. Em 94, José Dirceu conseguiu
um recorde: 11,32%.
Marta já tem uma vitória, que são os
três a quatro pontos percentuais a
mais que a média dos candidatos anteriores do PT. Mas é daí que pode sair
a migração de votos para Covas.
A dúvida é se, numa situação de
quase equilíbrio entre os dois candidatos, o eleitor petista vai engolir em
seco e votar num tucano.
Repete-se, portanto, a sina da centro-esquerda paulista: votar pragmaticamente, ou partidária e ideologicamente. O risco é cair, no segundo turno, nos braços do velho Maluf e do novo Rossi.
A não ser que alguém acredite que
Rossi é mesmo de esquerda, só porque
é do PDT. Aí, não dá para discutir. Só
rir, ou chorar.
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