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Um igual
O EX-GOVERNADOR da Paraíba e ex-parlamentar tucano Ronaldo Cunha Lima
exerceu um direito ao renunciar
a seu mandato de deputado federal para evitar uma condenação
no Supremo Tribunal Federal.
Poderia, entretanto, ter poupado
o Parlamento e a Justiça de seu
cinismo. Afirmou que deixa o
cargo, "a fim de possibilitar que
esse povo [da Paraíba] me julgue,
sem prerrogativa de foro, como
um igual que sempre fui".
Por 14 anos, o político escondeu-se atrás de mandatos para
evitar julgamento. Foi só agora,
quando pela primeira vez o Supremo iria exercer sua obrigação
de julgar parlamentares, que resolveu tornar-se um "igual".
Em 1993, então governador,
Cunha Lima disparou três vezes
contra seu adversário Tarcísio
Burity, dentro de um restaurante em João Pessoa. Burity sobreviveu ao ataque -morreu dez
anos depois, por causas não relacionadas. Cunha Lima alegou
"legítima defesa da honra". Com
a renúncia, o caso volta para a
Justiça da Paraíba, onde possivelmente prescreverá. O réu tem
71 anos, o que faz os prazos correrem mais depressa, e o Estado
é governado por seu filho Cássio.
Casos assim, que desmoralizam a idéia de justiça, têm raiz na
lentidão do Judiciário. A prerrogativa do foro especial, pensada
para proteger autoridades de
perseguições, deveria estar associada a julgamentos mais céleres.
Os foros privilegiados são também as cortes mais altas, onde os
casos estão mais próximos do
trânsito em julgado.
Corrigir essa distorção deveria
estar no topo da agenda de autoridades legislativas e judiciárias.
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