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ELIANE CANTANHÊDE
Samba do partido louco
BRASÍLIA - Ex-presidente da Câmara e um dos deputados federais mais
antigos -está no oitavo mandato-,
Inocêncio Oliveira comemora os 20
anos do PFL... abandonando o partido. Ele embarca no PMDB para concorrer ao governo de Pernambuco.
Ex-candidata a prefeita contra José
Serra, a tal Dra. Havanir vira as costas ao seu ídolo, aquele do "meu nome é Enéas", e troca o Prona pelo
PSDB. O que os tucanos lucram com
isso é uma incógnita.
O governador Ronaldo Lessa (AL)
era do PSB e vai para o PDT. O partido manteve o tom de oposição que
Leonel Brizola deixou, mas não está
resistindo ao ímã do governo. Parecia a caminho do fim, mas sua bancada federal não pára de crescer. Um
milagre de multiplicação de deputados produzido pelo Planalto.
Ex-candidato a presidente contra
Lula em 2002, o hoje ministro Ciro
Gomes foi "desligado" do PPS, mas
continua filiado ao partido. Você não
entendeu? Nem eu. Diz-se que Ciro e
sua ex-mulher, a senadora Patrícia
Gomes, não têm mais voto no partido
e não podem representá-lo. Ah, bom.
PPS, PDT, PC do B, PSB e PV se organizam num bloco para disputar
comissões da Câmara e tentar escapar da cláusula de barreira em 2006
(que pode engolir os "pequenos").
Enquanto isso, no PT... mais de cem
militantes abandonam o partido do
governo. Curioso. Em geral, quem está fora quer pular dentro. No PT,
quem está dentro pula fora. Por
exemplo, no PCO, no PSTU ou no novo PSOL da senadora Heloísa Helena. É como trocar um governo na
mão por vários governos voando nas
galáxias.
É nesse contexto que a Câmara discute a eleição deste mês para a sua
presidência, e José Genoino ameaça
punir o dissidente Virgílio Guimarães, que vota com o Planalto nas
questões econômicas, mas insiste em
ser presidente e não engole a candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh.
É o samba do partido louco, mas
você ainda não viu nada. O pior vem
depois da Quarta-Feira de Cinzas: reformas ministeriais costumam dar
uma ressaca danada em aliados.
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