São Paulo, quinta-feira, 03 de fevereiro de 2005

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ELIANE CANTANHÊDE

Samba do partido louco

BRASÍLIA - Ex-presidente da Câmara e um dos deputados federais mais antigos -está no oitavo mandato-, Inocêncio Oliveira comemora os 20 anos do PFL... abandonando o partido. Ele embarca no PMDB para concorrer ao governo de Pernambuco.
Ex-candidata a prefeita contra José Serra, a tal Dra. Havanir vira as costas ao seu ídolo, aquele do "meu nome é Enéas", e troca o Prona pelo PSDB. O que os tucanos lucram com isso é uma incógnita.
O governador Ronaldo Lessa (AL) era do PSB e vai para o PDT. O partido manteve o tom de oposição que Leonel Brizola deixou, mas não está resistindo ao ímã do governo. Parecia a caminho do fim, mas sua bancada federal não pára de crescer. Um milagre de multiplicação de deputados produzido pelo Planalto.
Ex-candidato a presidente contra Lula em 2002, o hoje ministro Ciro Gomes foi "desligado" do PPS, mas continua filiado ao partido. Você não entendeu? Nem eu. Diz-se que Ciro e sua ex-mulher, a senadora Patrícia Gomes, não têm mais voto no partido e não podem representá-lo. Ah, bom.
PPS, PDT, PC do B, PSB e PV se organizam num bloco para disputar comissões da Câmara e tentar escapar da cláusula de barreira em 2006 (que pode engolir os "pequenos").
Enquanto isso, no PT... mais de cem militantes abandonam o partido do governo. Curioso. Em geral, quem está fora quer pular dentro. No PT, quem está dentro pula fora. Por exemplo, no PCO, no PSTU ou no novo PSOL da senadora Heloísa Helena. É como trocar um governo na mão por vários governos voando nas galáxias.
É nesse contexto que a Câmara discute a eleição deste mês para a sua presidência, e José Genoino ameaça punir o dissidente Virgílio Guimarães, que vota com o Planalto nas questões econômicas, mas insiste em ser presidente e não engole a candidatura de Luiz Eduardo Greenhalgh.
É o samba do partido louco, mas você ainda não viu nada. O pior vem depois da Quarta-Feira de Cinzas: reformas ministeriais costumam dar uma ressaca danada em aliados.


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