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Vias obscuras
A PRORROGAÇÃO dos contratos de 10 das 12 concessionárias de rodovias paulistas seguiu caminhos estranhos.
O mínimo que se pode dizer é
que faltou um esforço de transparência na adoção das medidas,
que envolvem acréscimos de até
oito anos nos prazos contratuais.
Como noticiado por esta Folha, a prorrogação em série havia
saído no "Diário Oficial" nas derradeiras semanas da administração Cláudio Lembo (PFL). Ajustes reivindicados pelas concessionárias havia mais de três anos
foram avaliados pela Fundação
Instituto de Administração da
USP, por solicitação do órgão regulador Agência de Transporte
do Estado de São Paulo (Artesp).
Não se encontra hoje registro de
que a página da Artesp na internet, porém, tenha dado publicidade devida a atos e estudos de
tal impacto.
Depois de tornados efetivamente públicos, os atos receberam várias justificativas. Estariam todos em conformidade
com cláusulas de reequilíbrio
econômico-financeiro dos acordos de concessão. Nada mais representariam que a conversão de
despesas imprevistas em prazos
estendidos, para evitar opções
piores, como aumentos de pedágio ou ressarcimento direto.
Os gastos ressarcíveis seriam
compensações financeiras reivindicadas pelas concessionárias
por encargos não-previstos ou
aumentados, como ISS e Cofins.
Além disso, 317 novas obras teriam sido acrescidas, ocasionando dispêndios de R$ 2,3 bilhões
nos próximos 20 anos.
O governo José Serra (PSDB),
que não havia sido informado da
prorrogação pelo antecessor,
anunciou que vai revisar aspectos financeiros e jurídicos das
dez repactuações. Compromete-se a divulgar sua conclusão sobre
os cálculos chancelados pela Artesp. Era e continua sendo este o
caminho correto a tomar.
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