São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

O Brasil em guerra

PARIS - O Brasil está em guerra. Uma guerra diplomática, com estratégia clara e tática coerente, contra o mundo unipolar. Nada pessoal contra os EUA, tudo contra uma só potência pairando sobre todos, em todas as áreas.
O Brasil é pequeno numa briga dessas, mas faz a sua parte. No comércio, suas exportações cresceram para praticamente todos os continentes, mas estacionaram para o maior mercado, os EUA.
Na área militar, de defesa, em que os norte-americanos são o número um em tecnologia e em fornecimento "all over the world", o Brasil faz claramente uma curva em outras direções. Faz uma "aliança estratégica" com a França que envolve submarinos, helicópteros, satélite, talvez aviões de caça. E mantém acordos espaciais com a Ucrânia, com a Rússia.
O comércio expandiu-se no eixo "sul-sul", voltando-se para seus iguais, desde os vizinhos sul-americanos até os africanos. A defesa saiu do irmão do norte e procura parentes em toda parte, centrando energias -e, provavelmente, uma boa bolada- na França.
O almirante Pierre-François Forissier, chefe da Força Naval da França, explicou à Folha a aliança com o Brasil: "Estamos num período em que predomina uma hiperpotência. Por mais que tenhamos um ótimo relacionamento, ela não pode, sozinha, garantir a segurança mundial de todos os lugares ao mesmo tempo".
São palavras daqui e dali, ações comerciais, acordos militares, todo um jogo que evidencia a guerra do Brasil: lutar contra um mundo unipolar, aproximar-se da Europa e trabalhar para que os países emergentes sejam de fato o novo fator de equilíbrio mundial.
No discurso oficial, nunca antes este país esteve tão próximo dos EUA. Na prática, nunca antes este país diversificou tanto seus parceiros políticos, comerciais e militares. Amigos, amigos, negócios e muitas outras coisas à parte.

elianec@uol.com.br


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