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ELIANE CANTANHÊDE
O Brasil em guerra
PARIS - O Brasil está em guerra.
Uma guerra diplomática, com estratégia clara e tática coerente, contra o mundo unipolar. Nada pessoal
contra os EUA, tudo contra uma só
potência pairando sobre todos, em
todas as áreas.
O Brasil é pequeno numa briga
dessas, mas faz a sua parte. No comércio, suas exportações cresceram para praticamente todos os
continentes, mas estacionaram para o maior mercado, os EUA.
Na área militar, de defesa, em que
os norte-americanos são o número
um em tecnologia e em fornecimento "all over the world", o Brasil
faz claramente uma curva em outras direções. Faz uma "aliança estratégica" com a França que envolve submarinos, helicópteros, satélite, talvez aviões de caça. E mantém
acordos espaciais com a Ucrânia,
com a Rússia.
O comércio expandiu-se no eixo
"sul-sul", voltando-se para seus
iguais, desde os vizinhos sul-americanos até os africanos. A defesa saiu
do irmão do norte e procura parentes em toda parte, centrando energias -e, provavelmente, uma boa
bolada- na França.
O almirante Pierre-François Forissier, chefe da Força Naval da
França, explicou à Folha a aliança
com o Brasil: "Estamos num período em que predomina uma hiperpotência. Por mais que tenhamos
um ótimo relacionamento, ela não
pode, sozinha, garantir a segurança
mundial de todos os lugares ao
mesmo tempo".
São palavras daqui e dali, ações
comerciais, acordos militares, todo
um jogo que evidencia a guerra do
Brasil: lutar contra um mundo unipolar, aproximar-se da Europa e
trabalhar para que os países emergentes sejam de fato o novo fator de
equilíbrio mundial.
No discurso oficial, nunca antes
este país esteve tão próximo dos
EUA. Na prática, nunca antes este
país diversificou tanto seus parceiros políticos, comerciais e militares. Amigos, amigos, negócios e
muitas outras coisas à parte.
elianec@uol.com.br
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