São Paulo, terça-feira, 03 de março de 2009

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CLÓVIS ROSSI

Crise, quem lucra e quem perde

SÃO PAULO - Duas notícias sobre a Volkswagen: na semana passada, a empresa anunciou a demissão de 16,5 mil funcionários temporários em todo o mundo. Só no Brasil, não ficou claro, ao menos para mim, se não haverá demissões de temporários ou se não há temporários com as características dos que serão dispensados nos outros países.
Segunda notícia, retirada do site do jornal "Valor Econômico": "Apesar da "deterioração dramática do ambiente operacional", a montadora alemã Volkswagen encerrou o ano passado com aumento de 15,4% em seu lucro líquido, que atingiu 4,75 bilhões".
Não foi só o lucro líquido que aumentou: a receita (4,5%) e o volume de vendas também (1,1%). Claro que convém tomar com pinças resultados para o conjunto de 2008, o ano que terminou em setembro, quando quebrou o banco Lehman Brothers. Até setembro, a história do ano foi uma; no último trimestre, foi outra.
Feita essa ressalva, fica de todo modo claro que as demissões são uma espécie de "atirar primeiro para perguntar depois quem vem lá". A Volks explicita esse comportamento ao dizer em comunicado oficial que prevê queda nas vendas e, em consequência, "os lucros não vão atingir os altos níveis dos anos anteriores".
Posto de outra forma: prejuízos não estão no horizonte e, sim, lucros menores. Prejuízo mesmo, só para para os demitidos. Cadê a tal de "responsabilidade social", que enche volumes e volumes de publicações belíssimas?

 

Warren Buffett era tido como o oráculo das finanças. Ganhava em todas as suas apostas. No ano passado, sua firma de investimentos perdeu 9,6%, o pior desempenho em seus 43 anos de história. Se um oráculo "world class" erra, que tal a gente parar de acreditar nos oráculos de arrabalde, os únicos que temos ao sul do rio Grande?

crossi@uol.com.br


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