São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011

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Editoriais

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Predação e arcaísmo

Como ocorre todos os anos, com data marcada -na vizinhança do dia 8 de março-, o MST voltou à carga. Mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e da Via Campesina invadiram propriedades em três Estados, sob pretexto de comemorar o Dia Internacional da Mulher.
Em Recife, a sede do Incra foi depredada pelas manifestantes. Vidros e fechaduras foram quebrados com paus e foices. Em Triunfo, no Rio Grande do Sul, uma unidade da Braskem foi invadida. No interior da Bahia, o alvo foi uma fazenda destinada à plantação de eucaliptos.
Os métodos ilegais do MST e seus similares são conhecidos de todos. O fato de que o movimento tenha perdido fôlego e importância política não torna suas ações menos criminosas.
Um dos líderes dos sem-terra disse que o saldo do quebra-quebra em Recife é "coisa normal do conflito". É possível que setores do governo petista, que reservam ao MST tratamento paternalista e indulgente, ainda deem guarida a ações e raciocínios como esses. Como se o movimento vivesse num mundo à parte, refratário às regras democráticas, e gozasse, na prática, de uma inimputabilidade conquistada após anos de leniência das autoridades.
Não se trata, como diz o clichê progressista, de "criminalizar o movimento social", mas de chamar atos criminosos pelo nome certo. Omitindo-se, o Estado torna-se cúmplice dos ilícitos, além de incentivar sua continuidade.
Sabe-se, de resto, que o MST há muito perdeu a espontaneidade dos movimentos populares e foi dominado por uma burocracia profissionalizada. Perdeu também base social entre camadas de baixa renda, atraídas pelo Bolsa Família e favorecidas pelo crescimento econômico e pela geração de empregos. Perdeu, mais do que isso, conexão com a realidade e com o Estado de Direito.
A utopia esclerosada da revolução socialista no campo nada tem a ver com um país democrático, que se moderniza e é hoje fundamentalmente urbano. Quase 85% da população está nas cidades.
O MST, cada vez mais, vive em função das conveniências de sua cúpula, não das bandeiras que supostamente defende.


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