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FERNANDO RODRIGUES
Por que uma CPI faz bem
BRASÍLIA - Há algum indício, ainda que remoto, de que seja falsa a fita de
vídeo com Waldomiro Diniz pedindo
propina para si e doações irregulares
para políticos? A resposta é não.
Dessa forma, por mais que o ânimo
do subprocurador da República tenha sido político, não é possível afirmar que armou-se do nada uma
conspiração para derrubar o governo. Henfil tinha um personagem chamado Ubaldo, o paranóico. É mais
ou menos assim que agem os governistas que apontam a armação (sic)
para desestabilizar a República.
É verdade que até hoje há quem
não acredite que o homem chegou à
Lua. Tudo teria sido gravado pela
Nasa no deserto do Mojave. OK. O
que é impróprio é um governo propagar esse tipo de disparate.
Há pessoas de bom senso contrárias
a uma CPI para o caso Waldomiro.
Os excessos de investigações recentes
são sempre citados. Ainda assim, é
um erro achar que uma CPI seja apenas uma saída ruim.
Para o bem ou para mal -muitas
vezes para o mal, reconheço- as
CPIs foram o único recurso para apurar decentemente casos escabrosos
em Brasília. Isso ocorre porque a Justiça é inoperante, a PF continua uma
caixa-preta e o Ministério Público se
divide em facções políticas.
Há casos em que a purgação pública de uma CPI faz bem ao país. Collor é um exemplo clássico.
No caso Waldomiro, alguém duvida que só com uma CPI a nação conhecerá minimamente como operava o ex-assessor do ministro José Dirceu dentro do Planalto? É uma lástima que seja assim. Melhor seria que
a investigação seguisse nos escaninhos da PF e da Justiça.
Mas a PF parou de investigar parte
do caso porque o Ministério Público
antecipou a denúncia para uma das
ramificações das traficâncias. Como
não haverá CPI, é possível que nada
fique esclarecido. O país às vezes prefere não se olhar no espelho. Tem medo do que pode enxergar.
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