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Editoriais
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A escolha de Meirelles
O PONTO DE VISTA da gestão econômica, a permanência de Henrique Meirelles à frente do Banco Central é
uma garantia contra incertezas
que poderiam nascer de uma troca de comando naquela instituição em ano eleitoral.
Em que pesem a recente filiação ao PMDB, as tentações eleitorais, por ora afastadas, e o fato
de hoje ser visto mais como um
colaborador do governo do que
como um corpo estranho, o presidente do BC revelou-se nesses
anos um confiável fiador da estabilidade monetária.
Criticada, inclusive por esta
Folha, em decisões que pareceram inutilmente conservadoras,
a passagem de Meirelles pelo BC
-ele que já é o mais longevo no
cargo- tem contribuído para
consolidar um cenário de equilíbrio e de previsibilidade na economia brasileira.
É sempre recomendável -e
mais ainda em ano de eleições-
que o BC preserve características técnicas e atue segundo uma
lógica inteligível por parte dos
agentes econômicos. Algo que o
atual presidente tem demonstrado condições de assegurar.
Do ponto de vista político, a escolha de Meirelles foi determinada pela dificuldade que o presidente Lula encontrou de contrapor-se ao pacto peemedebista
em torno do nome do deputado
Michel Temer para vice da candidata Dilma Rousseff.
Ao que tudo indica pesou na
decisão presidencial a evidência,
exposta pela mais recente pesquisa Datafolha, de que a disputa
com o ex-governador José Serra
será mais acirrada do que alguns
começavam a supor.
Desfeito o suspense, volta-se
ao roteiro original. Com Michel
Temer na chapa, a candidatura
governista parte para a campanha com uma considerável cota
de fisiologismo já contratada. Na
tentativa de assegurar sua continuidade, o projeto lulista consagra uma aliança que, fossem outros os tempos, correria o risco
de ser apedrejada pelos petistas.
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