São Paulo, sábado, 03 de abril de 2010

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Editoriais

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A escolha de Meirelles

O PONTO DE VISTA da gestão econômica, a permanência de Henrique Meirelles à frente do Banco Central é uma garantia contra incertezas que poderiam nascer de uma troca de comando naquela instituição em ano eleitoral.
Em que pesem a recente filiação ao PMDB, as tentações eleitorais, por ora afastadas, e o fato de hoje ser visto mais como um colaborador do governo do que como um corpo estranho, o presidente do BC revelou-se nesses anos um confiável fiador da estabilidade monetária.
Criticada, inclusive por esta Folha, em decisões que pareceram inutilmente conservadoras, a passagem de Meirelles pelo BC -ele que já é o mais longevo no cargo- tem contribuído para consolidar um cenário de equilíbrio e de previsibilidade na economia brasileira.
É sempre recomendável -e mais ainda em ano de eleições- que o BC preserve características técnicas e atue segundo uma lógica inteligível por parte dos agentes econômicos. Algo que o atual presidente tem demonstrado condições de assegurar.
Do ponto de vista político, a escolha de Meirelles foi determinada pela dificuldade que o presidente Lula encontrou de contrapor-se ao pacto peemedebista em torno do nome do deputado Michel Temer para vice da candidata Dilma Rousseff.
Ao que tudo indica pesou na decisão presidencial a evidência, exposta pela mais recente pesquisa Datafolha, de que a disputa com o ex-governador José Serra será mais acirrada do que alguns começavam a supor.
Desfeito o suspense, volta-se ao roteiro original. Com Michel Temer na chapa, a candidatura governista parte para a campanha com uma considerável cota de fisiologismo já contratada. Na tentativa de assegurar sua continuidade, o projeto lulista consagra uma aliança que, fossem outros os tempos, correria o risco de ser apedrejada pelos petistas.


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