São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

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Por um fio

É POR TEIMOSIA que o premiê de Israel, Ehud Olmert, permanece no cargo. O relatório Winograd, que avaliou a condução da guerra no Líbano no ano passado, não disse nada que já não se soubesse -que as ações militares foram mal planejadas, mal executadas e resultaram num desastre militar e político para Israel-, mas, a veemência com que o fez caiu como uma bomba sobre o gabinete.
A comissão Winograd, que fora apontada pelo próprio governo, acusa pessoalmente Olmert de ter fracassado "no exercício da ponderação, da responsabilidade e da prudência". O ministro da Defesa, Amir Peretz, é pintado como um incompetente que ignora os pontos mais básicos da estratégia militar.
A divulgação do relatório, na segunda-feira, deslanchou uma campanha para que Olmert, cuja popularidade já andava de mal a pior, renunciasse. Ontem, a própria chanceler, Tzipi Livni, pediu que o premiê deixasse o cargo. Livni, que é do mesmo partido do premiê -o Kadima-, parece interessada em fomentar uma rebelião interna para derrubar Olmert da liderança e assumir o posto em seu lugar. Sejam quais forem as suas intenções, o fato é que o governo de Olmert está por um fio.
O premiê já não tem muito mais a oferecer. Ele fora eleito em março de 2006 sob a bandeira da retirada unilateral das forças israelenses dos territórios palestinos. Tal proposta, porém, está superada. A saída de Gaza, levada a cabo por Ariel Sharon em 2005, não teve os resultados esperados pelos israelenses: o grupo extremista palestino Hamas ficou fortalecido e registraram-se mais ataques com foguetes contra território israelense. O desastre libanês representou o golpe de misericórdia no plano.
Não se deve esperar nenhum tipo de avanço significativo nas negociações de paz entre israelenses e palestinos até que ambas as partes consigam estabelecer com clareza o que desejam e definir uma liderança para representá-los -tarefa que parece hoje muito difícil.


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