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Por um fio
É POR TEIMOSIA que o premiê
de Israel, Ehud Olmert,
permanece no cargo. O relatório Winograd, que avaliou a
condução da guerra no Líbano
no ano passado, não disse nada
que já não se soubesse -que as
ações militares foram mal planejadas, mal executadas e resultaram num desastre militar e político para Israel-, mas, a veemência com que o fez caiu como
uma bomba sobre o gabinete.
A comissão Winograd, que fora
apontada pelo próprio governo,
acusa pessoalmente Olmert de
ter fracassado "no exercício da
ponderação, da responsabilidade
e da prudência". O ministro da
Defesa, Amir Peretz, é pintado
como um incompetente que ignora os pontos mais básicos da
estratégia militar.
A divulgação do relatório, na
segunda-feira, deslanchou uma
campanha para que Olmert, cuja
popularidade já andava de mal a
pior, renunciasse. Ontem, a própria chanceler, Tzipi Livni, pediu
que o premiê deixasse o cargo.
Livni, que é do mesmo partido do
premiê -o Kadima-, parece interessada em fomentar uma rebelião interna para derrubar Olmert da liderança e assumir o
posto em seu lugar. Sejam quais
forem as suas intenções, o fato é
que o governo de Olmert está
por um fio.
O premiê já não tem muito
mais a oferecer. Ele fora eleito
em março de 2006 sob a bandeira da retirada unilateral das forças israelenses dos territórios
palestinos. Tal proposta, porém,
está superada. A saída de Gaza,
levada a cabo por Ariel Sharon
em 2005, não teve os resultados
esperados pelos israelenses: o
grupo extremista palestino Hamas ficou fortalecido e registraram-se mais ataques com foguetes contra território israelense.
O desastre libanês representou o
golpe de misericórdia no plano.
Não se deve esperar nenhum
tipo de avanço significativo nas
negociações de paz entre israelenses e palestinos até que ambas as partes consigam estabelecer com clareza o que desejam e
definir uma liderança para representá-los -tarefa que parece
hoje muito difícil.
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