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FERNANDO RODRIGUES
Caso encerrado
BRASÍLIA - Outro escândalo político morreu de forma discreta. O
deputado federal Edmar Moreira
foi absolvido da acusação de mau
uso de verba indenizatória.
Eleito por Minas Gerais, ele virou
o "deputado do castelo", por ter sido proprietário de uma edificação
kitsch-medieval em solo mineiro.
Encrencou-se de fato por usar parte
de sua verba indenizatória no pagamento de serviços de segurança
prestados a si próprio por empresa
também de sua propriedade.
O mandato de Edmar Moreira foi
salvo por uma apuração postiça
montada pelo corregedor da Câmara, ACM Neto. Em público, fingia
buscar uma punição. Na prática, esfriou o caso. Deu certo.
Agora, veio a pá de cal. O TCU
(Tribunal de Contas da União) se
pronunciou em abril dizendo não
enxergar problemas na conduta de
Edmar Moreira. Considerou improcedente exigir que o deputado
devolvesse o dinheiro.
A função do TCU é assessorar o
Poder Legislativo. Apesar do nome
("tribunal"), nada tem a ver com o
Judiciário. Com raras exceções, trata-se de um estuário de políticos
aposentados em atividade.
O caso de Edmar Moreira teve como relator o ministro Raimundo
Carreiro, ex-faz-tudo do Senado e
amigo de deputados e de senadores.
Apesar de a Constituição estabelecer de maneira cristalina os princípios da "impessoalidade" e da "moralidade" na administração pública,
o TCU julgou (sic) normal um congressista usar dinheiro do Orçamento no pagamento de serviços de
segurança prestados a si mesmo
por empresa própria.
Caso encerrado, a vida volta ao
normal. Edmar Moreira neste ano
já lançou gastos de R$ 94,5 mil de
sua verba indenizatória. Entre outras despesas essenciais ao exercício de seu mandato, torrou R$ 28,6
mil para alugar aviões da Abelhas
Air. Sem problemas. Ele é inocente.
Não deve nada a ninguém. Os brasileiros pagam a conta.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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