São Paulo, terça-feira, 03 de maio de 2011

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A mensagem do censo

Os dados do Censo 2010 não trazem novidades sobre a demografia do país que já não se conhecessem por outras pesquisas. Mas revelam que fronteiras marcantes foram ultrapassadas na década.
O Brasil conta 190.755.799 habitantes. Há mais pessoas vivendo em cidades (84,4%) do que nos EUA (82%). O número de analfabetos caiu pela primeira vez abaixo de um décimo (ficou em 9%).
Outro resultado que chama a atenção é a composição populacional segundo a cor. Em 2000, ano do último recenseamento, 53,7% dos entrevistados declaravam-se brancos. Dez anos depois, eram 47,7%. Entre não brancos, o contingente que mais cresceu na década foi o de autodeclarados pardos, de 38,5% para 43,1%.
Cresceu também o número de brasileiros que se encaixam na minoria de pretos (de 6,2% para 7,6%), segundo a discutível nomenclatura do IBGE. Por ideológica que seja a operação de agrupar pretos e pardos, como prefere o movimento negro, há algo de positivo no fato inédito de somarem mais da metade da população.
É preciso manter em vista que não se trata de uma classificação objetiva, muito menos científica, mas autoatribuída. O fato de cada vez mais pessoas se declararem pretas e pardas -seja porque a miscigenação aumentou, seja porque um número maior delas se sente confortável na condição- parece indício forte de que o país começa a superar tais divisões.
Outra fronteira digna de nota a ser cruzada está no saneamento básico: hoje 55,5% dos domicílios estão conectados à rede de coleta de esgotos, contra 48,6% há dez anos. Se incluídas no cômputo as fossas sépticas, modalidade de esgotamento sanitário também considerado adequado, mais de dois terços dos lares brasileiros (67,1%) estão em situação aceitável.
O anverso do quadro é que um terço da população nacional não tem banheiros para usar, ou não os tem em condições recomendáveis do ponto de vista da saúde. É um deficit grave no balanço social do nosso desenvolvimento.
Parafraseando slogans do novo e do velho governo do PT, caberia assinalar que país rico é país com banheiros e esgotos para todos.


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